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Entrevistas

Inez Viana encanta público de Petrópolis

Inez Viana encarna a Feia (Crédito: Mariza Formaggini)

Espetáculo: “A Mulher que escreveu a Bíblia”

Em uma adaptação do livro de Moacyr Scliar feita por Thereza Falcão e dirigida por Guilherme Piva, a peça “A mulher que escreveu a Bíblia”,  marcou presença nessa última quarta- feira, em Petrópolis, como parte da programação do Festival de Inverno, promovido pelo Sesc Rio. A peça trouxe aos espectadores um ótimo momento de descontração, proporcionando boas gargalhadas.

Como a protagonista, a atriz Inez Viana revela a vida de uma mulher feia e encarna a personagem em um monólogo temperado com muita imaginação e humor. O cenário, que conta apenas com uma pedra e alguns pergaminhos, mostra a realidade de uma mulher contemporânea que, com a ajuda de um ex-historiador, que virou terapeuta de vidas passadas, descobriu que no século X a.C. foi uma das 700 esposas do Rei Salomão.

Sem nome próprio, a protagonista deste romance tem como principal característica sua enorme feiúra facial, embora fosse “boa de corpo”. Tornou-se, por meio das relações comerciais do pai, uma das mulheres do Rei Salomão, após ter sido alfabetizada às escondidas pelo escriba da tribo, pois ele via na possibilidade de escrever um consolo para a vida celibatária que se apresentava para sua protegida.

Quando ela se casa, vem a decepção: com sua feiúra , o rei não a quis em seu leito. Ela se sente rejeitada e a tristeza toma conta de sua vida. Como o Rei não cumpriu com seu dever de esposo, ela decide enviar uma carta para que o seu pai tenha conhecimento do que está acontecendo em sua vida de casada e faça com que o Rei cumpra seus deveres de esposo. A carta chega ao conhecimento de Salomão, que percebe a grande habilidade de sua 700° esposa, a única mulher da época que sabia ler e escrever e a chama para conversar.

Quando a feia percebe a admiração do Rei por seu inesperado dote e lhe dá a missão de escrever a história da humanidade, ela passa a sentir a beleza da inteligência e já não se sente mais tão feia. Com essa responsabilidade nas mãos, sendo uma mulher virgem que sonha em se entregar a um homem, ela começa a escrever a Bíblia a partir do Jardim do Éden, onde relata a história de amor entre Adão e Eva, e quis aprimorar o primeiro romance da história.

Ela não só se apaixona pelo Rei Salomão, como consegue, depois de algumas tentativas frustradas, consumar o casamento e, mais que tudo, escrever, sob encomenda dele, sua versão da Bíblia que, infelizmente, acaba se perdendo num incêndio de origem duvidosa em seus aposentos.

Inês e o único objeto no palco: uma pedra. (Crédito: Nathália Pandeló)

“Sou muito parecida com a personagem”

Em entrevista exclusiva ao Acontece em Petrópolis, a atriz revela a paixão que tem pela Feia e diz ter muito em comum com a personagem. “Sou muito parecida com ela. Nossa maior diferença é apenas a coragem que ela tem. Não que eu não lute pelos meus objetivos ou desista fácil do que quero, só que a feia  se lança ao encontro do que acredita”, contou.

Estar no palco para a atriz é o único momento em que se sente plenamente livre, realizada. “É o que eu sei fazer, o que eu gosto de fazer e ter o público ali diante de mim é fantástico”, acrescentou Inez.

Cada vez que interpreta a personagem é uma experiência ímpar, pois cada lugar é diferente,  assim como o público. Antes de subir ao palco para mais um espetáculo, ela aquece a voz, se alonga e vai ao encontro da plateia que, ansiosa, espera por momentos agradáveis e de muita diversão. “O desafio de fazer um monólogo é não contracenar com ninguém, tendo apenas o público diante de mim, tendo que prender a atenção deles, não sabendo a receptividade que terão é realmente um momento que me dá um friozinho na barriga”, comentou a atriz.

Se pudesse mudar a história, Inez com um sorriso no rosto, disse que  com certeza seria a posição da mulher na sociedade. “Mudaria a submissão das mulheres e essa inferioridade que os machistas impõem colocando-as em segundo plano. O diferencial desse espetáculo é que a “feia” supera tudo através da inteligência que possui. Mesmo sendo mulher e feia, ela sonha e corre atrás dos seus sonhos”, conta.

A realidade da personagem é realmente associada à vida de diversas pessoas que estão assistindo à peça e conseguem se ver no palco, como protagonistas de suas próprias vidas. “Todo mundo tem que ter sido importante na vida passada. Todas as pessoas, de certa forma, se sentem realmente importantes. Uma pessoa verdadeiramente bela, em minha opinião, não é somente aquela que tem um rosto e um corpo bonito. O interior, o que ela tem a dizer da vida, de suas experiências, que seja interessante – essa sim é uma pessoa bela”,  revelou a atriz.

A peça estreou em 16 de novembro de 2007, no Espaço SESC, em Copacabana. A temporada de estreia foi sucesso absoluto de crítica e público, com todas as suas apresentações lotadas. A peça foi consagrada naquele ano como “um dos 10 melhores espetáculos de 2007”  pelo Jornal O Globo.

A montagem de “A Mulher que escreveu a Bíblia” foi agraciada ainda com indicações para os mais importantes prêmios da categoria: Prêmio Shell 2007 – melhor atriz e melhor iluminação; Prêmio Extra – melhor atriz; Prêmio APTR (Ass. Produtores de Teatro RJ) 2008 – melhor atriz e Prêmio Qualidade Brasil 2008 – melhor espetáculo, vencendo este na categoria melhor atriz.

Um Comentário

  1. Eu também assisti à peça “A Mulher que escreveu a Bíblia” e achei divertida e provocante. Já assisti a outros espetáculos com a Inês Viana, tanto como atriz (em Sassaricando e Cole Porter – Ele Nunca disse que me amava) quanto como diretora (em As Cochambranças de Quaderna, do Suassuna, que tb está na programação do Festival de Inverno do Sesc para a próxima semana). Em tudo ela é brilhante! Gostei muito da entrevista, que mostra o outro lado do espetáculo e explicita algumas reflexões possíveis sobre o seu conteúdo. Excelente a cobertura do site!

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