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Aconteceu em Petrópolis

Aconteceu em Petrópolis: Caminhando pela História entre Minas Gerais e Petrópolis

por Norton Ribeiro

Muito antes da fundação de Petrópolis, a região que atualmente chamamos de sudeste passou por transformações profundas devido ao deslocamento do eixo econômico ocasionado, principalmente, pela descoberta de metais preciosos nas Minas Gerais. Estamos no alvorecer do século XVIII e a partir daí a história da região tomaria rumos diversos, corroborados com a mudança da capital para a cidade do Rio de Janeiro em 1763. Entretanto, forçoso demais seria relacionar diretamente a cidade de Petrópolis e o atual estado de Minas Gerais já desde a época colonial, mas é importante notar que a província mineira iria influenciar toda a região do ponto de vista econômico e cultural nos próximos séculos que se seguiram ao XVIII.

Tempos mais tarde, os caminhos entre Petrópolis e as cidades mineiras começariam a se encontrar pelos vales e grotões abertos na Serra da Estrela, dando passagem aos viajantes entre a Corte e a província de Minas Gerais. A Variante do Caminho Novo, aberta pelo sesmeiro Bernardo Soares de Proença, foi decisiva nesse papel. Antes dessa “variante”, havia o Caminho Novo, que passava por Xerém e Paty do Alferes, sendo a viagem ainda muito penosa. E antes desse, era utilizado o caminho que partia de Paraty até a região mineradora, que ficou conhecido como Caminho Velho. Todos eles fazem parte do que chamamos atualmente de Estrada Real.

No entanto, pouco a pouco essa ligação assumiria relevância cada vez maior, demonstrada pela construção de uma estrada até Juiz de Fora empreendida pela Companhia União e Indústria, iniciada em 12 de abril de 1856 e rapidamente, em 1861, chegando à cidade mineira. A cerimônia de inauguração contou com a família imperial, que se pôs a viajar pela estrada até Minas Gerais. Dessa forma, ano após ano, petropolitanos e mineiros nunca mais deixariam de utilizar os acessos pelos quais até hoje percorrem, buscando uma vida nova, levando seus costumes e tradições.

Outra obra em meados do XIX iria encurtar mais ainda o acesso até o interior: tratava-se da introdução da estrada de ferro no século XIX que, a cada estação, unia a Corte, a Cidade Imperial e, mais trade, as Minas Gerais. A primeira ferrovia foi inaugurada em 1854 entre o porto de Mauá e a Raiz da Serra. Em 1883 chega a Petrópolis, avançando em direção a Areal e Três Rios. O complexo ferroviário aumentou a partir da década de 1870, com a construção da ferrovia Leopoldina, ligando a cidade mineira do mesmo nome à província do Rio de Janeiro, custeada pelos cafeicultores da região. O Brasil, que vivia o auge da monarquia, parecia querer dar início ao seu processo de industrialização, algo que poderia ter adiantado nosso desenvolvimento econômico em pelo menos cem anos, mas não foi o que ocorreu. Parece que a locomotiva trazia consigo uma carga especial; um germe empreendedor que fizesse o país começar a desviar seu rumo para a atividade industrial de base. Entretanto, os vagões não foram abertos e o Brasil viu, não mais o bonde, mas o trem da História passar. Assim, este ficou conhecido como um período de “surto industrial”, com algumas iniciativas pontuais levadas adiante pelo empresário Irineu Evangelista de Sousa (Barão de Mauá), que investiu na estrada de ferro, mas também no novo Banco do Brasil, telégrafo, na iluminação do Rio de Janeiro e na companhia de gás. Entretanto, sua mentalidade capitalista acabou esbarrando na elite conservadora, que almejava títulos de nobreza e pensava o Brasil como uma nação eminentemente agrário-exportadora. Mantivera-se o legado colonial de uma terra produtora de gêneros agrícolas e o café representava a riqueza nacional nesse momento.

Com a chegada do século XX e o desenvolvimento econômico observado na região do Vale do Paraíba pela cultura do café – que já demonstrava sinais de crise -, o Rio de Janeiro deixa para trás o mundo colonial para se transformar num modelo de cidade urbanizada a ser seguido por outras capitais, sendo importante ressaltar seu papel político-econômico-social pelo fato de abrigar o poder central. As cidades mais próximas à capital acompanhariam tais mudanças, como aconteceu com Petrópolis. A industrialização incipiente localizada nas principais cidades do Rio, bem como em São Paulo e Minas, “tornou-se um pólo de atração para os colonos que, espremidos pelo latifúndio, se deslocavam para a cidade à procura de uma vida melhor…” (Chico Alencar, História da Sociedade Brasileira)

Nas décadas de 40 a 70, Petrópolis recebeu uma grande corrida migratória regional que seduzia, sobretudo, pelo vasto campo de desenvolvimento como a construção do Hotel Quitandinha e o crescimento do parque industrial têxtil. Aliado a estes fatores, a linha férrea – sendo um transporte barato -, a proximidade com o Rio, o clima saudável da serra e o atrativo de uma vida próspera numa cidade em ascensão econômica e cultural, a onda migratória em busca de qualidade de vida atingiu, em especial, as famílias mineiras, que trouxeram consigo suas tradições e anseios, marcando indelevelmente a população e a cidade de Petrópolis.

O ambiente na cidade proporcionou um projeto de vida diferente daquele que se vivia no interior, fazendo com que muitos migrantes do estado de Minas trouxessem famílias inteiras e assumissem fortes laços com Petrópolis e seus habitantes. Muitos viam nesta mudança a chance de novas oportunidades de trabalho e estudo a fim de construir um futuro melhor. Dessa forma, vieram outros filhos, netos e bisnetos que hoje contribuem para resgatar a prosperidade de uma cidade que outrora fora o sonho de seus antepassados.

Um Comentário

  1. A partir de sua historia a cidade pode oferecer aos seus cidadões um olhar de progresso e cidadania .

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