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Oncologista diz que cresce o número de casos de câncer por conta de agrotóxicos

A utilização de agrotóxicos sem equipamento adequado tem aumentado o número de casos de câncer entre os agricultores rurais. Após diversos estudos de casos em Petrópolis, foi constatado que ao entrar no organismo, por inalação ou contato físico, os agrotóxicos podem ter um efeito altamente cancerígeno.

“Começamos a ver muitos tumores dos tipos gastrointestinal, de estômago e cólon em pacientes que mexiam com plantação em hortas. Há ainda muitas outras complicações como a síndrome mielodisplásica, que pode progredir para leucemia, anemias sem causa e alteração dos glóbulos brancos”, explica a oncologista Dra. Carla Ismael, do CTO – Centro de terapia Oncológica e presidente da Sociedade Franco-Brasileira de Oncologia.

Dentre os produtos mais agressivos à saúde estão: os fungicidas, inseticidas e herbicidas este, inclui os chamados pelos agricultores de “mata-mato”. O fato de no Brasil ser permitido o uso dessas substâncias já banidas em outros países também se torna um problema, ainda mais quando aliado a falta de conhecimento e conscientização dos usuários dos produtos.

O CTO (Centro de Terapia Oncológica) de Petrópolis atende 150 pacientes que já trabalharam como agricultores na região. Um deles, Angelino Batista, de 72 anos, trabalhando no setor desde os 15, tem câncer de próstata, apesar de garantir nunca ter feito o uso de agrotóxicos e ter trabalhado apenas no setor de colheita. Segundo ele, os insumos eram guardados num barraco, longe do local no qual os agricultores dormiam. Ele admite ter usado o “mata-mato”, que considera inofensivo.

“A gente jogava a remédio no mato para facilitar a capina. Em dez dias, o capim está morto. Depois, a gente queima e deixa a água da chuva levar a poeira e as cinzas. Aí fica mais fácil capinar”, diz o agricultor.

A Dra. Carla Ismael, que há 30 anos realiza estudos relacionados ao aumento de casos em Petrópolis explica que primeiro estudou a teoria para comprovar na prática. “Os agricultores têm muito pouco conhecimento. Os estudos foram feitos inicialmente a partir de dados epidemiológicos, após a comprovação em animais de laboratório. Foram anos de pesquisas em laboratório e com experiências em pessoas, inúmeros trabalhos realizados nesse sentindo”, explica a oncologista.

Os modelos de EPIs variam segundo os riscos da atividade exercida pelo trabalhador. Na agricultura são utilizados calça e camisa com capuz, confeccionados em plástico e lona, avental, galochas, luvas de borracha, óculos de plástico e uma máscara com filtro de ar. Equipamentos que a primeira vista podem incomodar, mas salvar ou melhorar a qualidade de vida desses trabalhadores.

Marianne Wilbert

Jornalista, pós-graduada em mídias digitais.
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