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Amor é Tudo o que Você Precisa estreia nesta sexta-feira em Petrópolis

Imagine observar o mundo de dentro de uma nave espacial e vê-lo lá de longe, pequeno, frio, insensível a qualquer tipo de coisa que aconteça com qualquer um de nós. Agora, aos poucos, imagine-se se aproximando da Terra, dando um zoom, chegando cada vez mais perto, e de aproximação em aproximação ir percebendo os detalhes, primeiro as diferenças de cores, depois as montanhas e o asfalto, as colinas e as geleiras. Depois ainda mais próximo, os prédios, os carros, os barcos, as árvores, as pessoas. Por fim, bem de perto poder ver cada ser individualmente, nos seus mínimos detalhes, seus pequenos dramas e conflitos, suas necessidades básicas e suas pequenas tragédias da inescapável condição que é viver.

“Amor é Tudo o que Você Precisa” (2011), produção europeia em parceria com vários países, dirigido por Susanne Bier é uma comédia que trata desses seres que, no decorrer de suas pequenas vidas, precisam antes de tudo aprender a viver. E nesse caminho de aprendizado, encontram vários obstáculos cotidianos como sexo, traição, doença, dinheiro, morte, posição social. E o pior: todas essas contingências sem hierarquia, sem escapatória e sem absolvição, cada um tendo que lidar com seus problemas e conviver com os problemas daqueles que estão próximos.

O filme conta a história de Ida (Trine Dyrholm), uma mulher que nos últimos dias de um tratamento de câncer descobre que seu marido está envolvido com a moça da contabilidade do lugar onde trabalha. Em meio a tudo isso, haverá na Itália o casamento de sua filha. É quando ela conhece Philip, (Pierce Brosnan) o pai do rapaz que casará com sua filha, e começa a manter uma relação de aproximação afetiva inusitada com ele.

São nesses breves dias em que as duas famílias passam na Itália em um lugar paradisíaco, em meio às festividades, que os pequenos dramas vão se travando, se ampliando, se concentrando e se tornando mais latentes. A condição humana exposta nos detalhes por via das entrelinhas traz um acúmulo de sensações em um ambiente que, apesar de feliz, está prestes a entrar em colapso, seja por uma menina que sofre bullying da própria mãe por ter sido gorda ou por um rapaz que, homessexual, começa a flertar com o futuro noivo.

Esses pequenos desacertos, desarranjos resultados da incapacidade do ser humano de se completar no outro, compõe um ambiente profundamente trágico, mas repleto de imagens cômicas, ressaltadas por uma câmera de edição rápida que foge dos detalhes para ressaltar o ritmo da sensibilidade das personagens e das cenas, enquanto que as belas paisagens, com o constante nascer e pôr do sol, mostram uma revigorante capacidade que os dias que vem e vão tem de preencher e esvaziar as tensões acumuladas.

E nós, como espectadores, fazemos o caminho tortuoso da oscilação drama/comédia: em um estamos colados nas personagens e nas situações, na outra damos um passo atrás e percebemos a cena com certa frieza. E agora, como no início, proponho alguns passos atrás, para voltar a olhar para a Terra, pros carros, asfalto, prédios, montanhas, colinas, geleiras, de novo o azul dos mares.

Por fim, muito de longe, a Terra redonda como da janela de uma nave, percebermos que apesar dos problemas do mundo serem muitos e nossos dramas doerem, talvez seja um pouco de exagero de nossa parte pensar que somos tão importantes assim. Para o mundo, somos apenas pequenos pontos. Para os outros, somos apenas presença, que se afirma em afeto e, enfim, amor.

“Amor é tudo o que você precisa” está em cartaz no Top Cine Hipershopping ABC, com sessões às 16h; 18h20 e 20h40. A classificação é 12 anos.

http://www.youtube.com/watch?v=17szeOK1YIU

Luiz Antonio Ribeiro é dramaturgo e poeta, formado em Teoria do Teatro pela UNIRIO – Univesidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, onde atualmente cursa Letras – Português/Literaturas.

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