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Crônicas

Observações de uma petropolitana: depois da meia-noite em PetrópolisZzZ

Era uma vez, um lugarejo no alto da Serra das Estrelas, onde há muitos e muitos anos o imperador e sua família veranearam e construíram uma linda casa, com um imenso jardim, que hoje é o refúgio de milhares de turistas de todos os lugares do mundo. Também foi na Cidade Imperial, que o pai da aviação construiu a Encantada; que foi instalado um Palácio de Cristal, entre tantas outras coisas que tornam Petrópolis o destino de tantos viajantes.

Porém, dentre os muitos encantos da cidade, àquele que permanece um mistério é o fenômeno que acontece depois da meia-noite.

Quando os ponteiros do relógio se juntam, magicamente as portas dos estabelecimentos se fecham e quem está de fora, não pode entrar. Quem está dentro, sente a ligeira pressão para ir embora o mais rápido possível.

E assim é a vida noturna petropolitana: com horário de recolher para os adultos, enquanto a noite é uma criança para àqueles que mal saíram da puberdade (e vão “paquerar” nas poucas casas noturnas).

É como se vivêssemos mesmo num conto de fadas, a la Cinderela, só que quando o relógio bate meia-noite, é a cidade que vira uma abóbora. Ou um abacaxi. E deve ser feito silêncio. Um silêncio absoluto para não incomodar os que moram nos arredores dos lugares que ainda tem alguma movimentação.

O silêncio é pacífico, uns diriam. Mas num final de semana, esse silêncio beira ao funesto. Não é o som de uma cidade que descansa, mas de uma cidade morta. Porque a vida noturna em Petrópolis é tão animada quanto uma festa sem música.

A falta de opção é tamanha, que eventos como a Bauernfest, por exemplo, acabam se tornando uma “grande coisa”, não pelo evento em si, mas apenas pela possibilidade de ter um local em que se possa ficar até mais tarde, conversando e olhando o movimento.

Quem tem carro, ainda tem a opção de ir até Itaipava, que por ser longe é quase um outro município, mas que oferece mais de duas opções para a noite. Porque se você ficar pelo Centro, as suas opções se resumem a cantar no karaokê do Tic-Tac ou disputar uma mesa na loja de conveniência do posto, a Am/Pm.

E não, não estou brincando.

Quando finalmente abre um novo estabelecimento, ele rapidamente vira o “point”, e após seus “15 minutos de fama”, que aqui significa ter fila na porta, fica às moscas, até que fecha, reforçando a imagem de Petrópolis como a “cidade lá tinha”: Lá, tinha um restaurante; lá, tinha um cinema…

A impressão que fica é que a cidade continua dormindo em berço esplêndido à espera do beijo de um príncipe para despertar.

Mas acho que estou confundindo os contos de fadas…

As opiniões contidas não representam a opinião do site; a responsabilidade é do autor da publicação.

Marianne Wilbert

Jornalista, pós-graduada em mídias digitais.

4 Comentários

  1. Que bom seria se fosse ainda mais tranquila. Quem trabalha e mora no centro sabe o que é ter meia dúzia de desocupados fazendo baderna debaixo da janela. Vida noturna pode ter, mas sem atrapalhar os outros. O direito de um termina onde começa o do outro.

  2. Gostei do texto e da analogia com o passado, no entanto acho que a cultura da cidade se prende deste modo mesmo, o jeito é curtir no Rio!

  3. Poderia ser ainda mais tranquila, que bom que ainda temos gente lutando pela ordem!

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