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Crítica: Invocação do Mal (2013)

Anunciar que é “baseado em fatos reais”, muitas vezes, pode ser o principal mérito do filme. A pretensa ideia de realidade, de história de vida pessoal, mesmo que tudo seja feito absolutamente dentro de todos os padrões cinematográficos, dá um toque especial, de fetichismo ou voyeurismo em relação à vida e a história do outro. Além do mais, dizer que a obra se baseia em fatos reais não obriga que aquilo tenha necessariamente ocorrido, uma vez que existe uma grande diferença entre o que realmente aconteceu e aquilo que é contado. Não é porque algo não existe que a experiência não tenha sido real, pois, muitas vezes, o sentimento, a sensação, ou seja, a experiência, supera até o que seria a materialidade. Invocação do Mal (2013), de James Wan, se utiliza desse recurso para atrair atenção para seu filme. E consegue.

O filme conta a história de um casal que vai morar em uma nova casa com seus cinco filhos. Logo nos primeiros dias, duas coisas estranhas acontecem: o cachorro se nega a entrar na casa e os relógios param às 3h07. De início, parecem apenas coincidências, mas aos poucos se revelam estranhas presenças demoníacas que tentam tomar posse das consciências, dos corpos e das vidas daquelas pessoas. É quando eles chamam Ed e Lorraine (Patrick Wilson e Vera Farmiga), um demonologista e uma sensitiva, para ajudar na tarefa de retirar os espíritos da casa.

Como ressaltei acima, o filme não possui muita coisa diferente da trajetória dos clássicos de terror de possessão demoníaca e exorcismo, com uma família tradicional, uma nova casa, uma mudança de vida e acontecimentos estranhos envolvendo crianças. A presença dos investigadores também é corriqueira, no entanto, a valorização que se deu ao dizer que tudo era baseado em fatos reais, agregado à publicidade em torno da obra e do tema, foram determinantes para que se visse algo além. Aliás, o filme lembra até excessivamente o clássico Horror em Amityville, história clássica com várias refilmagens, sempre com a mistura de família, crianças, som abruptos e coisas inexplicáveis.

Sem deixar de ser assustador, a película apresenta sobriamente todo tipo de aparição, sem apelar excessivamente para os fatos comuns como portas batendo e panelas caindo. O demônio realmente aparece e sua presença se faz quase no decorrer de toda obra, o que valoriza ainda mais aquilo que se pretende apresentar. No entanto, não passa disso.

Invocação do Mal talvez seja sóbrio demais, direto demais. Aquilo que não se mostra, que se esconde e que funciona como anticlímax, muitas vezes atinge o ponto máximo mais do que literalmente mostrar aquilo que se conta. O filme não chegou perto de me assustar como havia feito Mama, produzido por Del Toro. Assistam e digam o que acham, porque o resto é só questão de opinião…

O filme está em cartaz no Cinemaxx Mercado Estação, com sessões às 16h40 e 21h. A censura é 14 anos.

luizLuiz Antonio Ribeiro é dramaturgo, letrista, crítico, poeta e flamenguista. É bacharel em Teoria do Teatro pela UNIRIO, onde atualmente é graduando do curso de Letras/Literaturas. É adepto da leitura, pesquisa, cinema, cerveja e ócio criativo. Desde 2011 é membro do grupo Teatro Voador Não Identificado. Facebook: http://www.facebook.com/ziul.ribeiro
Twitter: http://www.twitter.com/ziul

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