O calor é o grande vilão quando o assunto é a recuperação de cirurgias. Muita gente deve ter concordado ao ler a afirmação que, na verdade, é um mito quando se trata de cirurgias odontológicas. O calor favorece, sim, o inchaço nas primeiras 48h, mas também é benéfico após este período. A diferença entre realizar uma intervenção no verão, seja ela a retirada de um dente ou a colocação de implante, é que o retorno à normalidade poderá acontecer sem a necessidade do estímulo térmico local (compressas), ao contrário do inverno.
O processo inflamatório tem como uma das principais consequências o inchaço, além da dor, vermelhidão e aumento de volume da região. No inverno, a temperatura ambiente colabora para que não haja grandes edemas, entretanto, a recuperação completa tende a ser mais lenta. No calor, o inchaço é maior nas primeiras horas, o que é compensado com a colocação de gelo.
Segundo o cirurgião dentista com especialidade em implantodontia, Márcio Marques, do Instituto Rio, o processo inflamatório se mantém em evolução nas primeiras 48 horas após o ato cirúrgico. “Neste período, independente da estação do ano, é indispensável a utilização de gelo. Depois o organismo começa a se recuperar. Mas para que o líquido faça o caminho contrário, é preciso que os vasos estejam dilatados”, explica o especialista, ressaltando que é neste momento que as temperaturas mais altas favorecem a recuperação. “Por isso, ao contrário do que ocorre no verão, o uso de compressas quentes na área afetada pode ser um auxiliar no clima frio, depois dos dois primeiros dias”, esclarece.
O inchaço nada mais é do que o acúmulo de líquido no tecido. O calor é um complicador nas primeiras 48h porque aumenta as chances de edemas, já que os poros estão mais dilatados, facilitando a passagem do líquido. Depois que elas já estão no tecido, será preciso retornar, o que será facilitado quando a temperatura ambiente está mais alta.
Márcio Marques afirma que o processo é o mesmo em qualquer cirurgia odontológica, como extrações de dente em geral, colocação de implante, intervenções na gengiva e remoção de tumores na cavidade bucal.
O cirurgião dentista explica ainda que o organismo é capaz de se restabelecer sozinho, entretanto, a compressa de água quente é a melhor forma de acelerar o processo. Segundo ele, “também existem remédios que dilatam os vasos e permitem o retorno do líquido para o sangue. Porém, a melhor forma é o calor local que não tem efeito colateral e fica limitado à região, sem causar prejuízos ao sistema cardiovascular”. A recuperação dura em média uma semana.
