Um adolescente não muito popular, com sede de conhecimento por algo específico e peculiar, que se apaixona por uma menina impetuosa, misteriosa e melancólica. A busca por uma questão transcendente. A brevidade da vida. O impacto de outras vidas na nossa. Enfim, todos os elementos que fizeram o John Green ser o autor que ele é hoje já estavam presentes em seu livro de estreia, “Quem é você, Alasca?”.
Na história, Miles Halter é um adolescente vidrado em “últimas palavras” e busca o que o poeta François Rabelais, quando estava à beira da morte, chamou de “o Grande Talvez”. Ao ir para uma escola interna, conhece Alasca Young, que o muda e o tira de sua zona de conforto.
Uma característica de Green é o de sempre agregar algum tipo de conhecimento ao leitor e, neste caso, ele usa a aula de Religião que Miles frequenta para falar do hinduísmo, budismo e cristianismo, mostrando as características destas e como cada uma responderia às questões que o próprio protagonista se faz, tornando a leitura rica e interessante.
A pergunta do título sugere como julgamos conhecer uma pessoa pelo impacto que ela exerce em nossa vida, mas tal impacto, na verdade, acaba por ser a descoberta sobre nós mesmos, pois nos damos conta que do outro, quase nada sabemos e, provavelmente, nunca saberemos. Assim como Miles e Alasca.
A obra é como um rascunho para “A culpa é das estrelas”, que viria a ser seu grande sucesso, pois traz os mesmos questionamentos sobre a morte, o aporte dos protagonistas em autores renomados para “sustentar” suas angústias, até uma possível resposta, que embora não seja definitiva, já que se trata de questões complexas, chega a ser reconfortante e até edificante para o leitor.
John Green mais uma vez confirma sua incrível habilidade de falar sobre assuntos complexos de forma simples e sensível, cativando ainda mais, seu público infanto-juvenil, já fiel, ávido por romance, doçura e respostas.
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