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Saúde

Amamentação para quem precisa

por  Paulo Cesar Guimarães

O bebê quer mamar e a amamentação deve ser incentivada sempre. Causou surpresa a recente divulgação de uma pesquisa, nos Estados Unidos, que tenta provar que o leite materno e a mamadeira têm o mesmo efeito.

O resultado da pesquisa feita pela Universidade do Estado de Ohio e publicado na revista “Social Science & Medicine” trazia dados da Pesquisa Longitudinal Nacional da Juventude dos EUA, de 1979, com 8.237 crianças, sendo que 1.773 pares de irmãos foram acompanhados. Esses tinham sido alimentados de forma diferente em casa, uns no peito e outros com complemento alimentar.

Mesmo com as análises sugerindo que a amamentação levou os melhores resultados do que a mamadeira, a comparação com irmãos trouxe diferenças próximas do zero. A conclusão do estudo, então, é de que o melhor desempenho geral da amamentação poderia ter ocorrido por fatores externos.

A pesquisa trabalhou com 11 indicadores relacionados à amamentação: índice de massa corporal, obesidade, asma, hiperatividade, relação afetiva com os pais, obediência, bem como pontuações prevendo desempenho em vocabulário, leitura, matemática, inteligência e competência.

Um dos indicadores foi duramente criticado pelo Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido, após revisar a pesquisa e questionar a relação entre amamentação e asma.  “Não está claro por que essa tendência inversa (da asma) foi encontrada neste estudo, mas ele não mostra que a amamentação provoca asma ou que a mamadeira impede”, rebatem os britânicos.

A publicação dos resultados da pesquisa conclui que investimentos em políticas de licença maternidade, creches públicas e um melhor salário para mães de baixa renda poderiam ser mais benéficos do que o leite materno. Também defendemos esses pontos, mas com a amamentação lado a lado. Os benefícios não são excludentes, somam qualidade de vida para mães, pais e filhos.

Continuamos a estimular o aleitamento materno pelo seu valor nutritivo, imunológico e emocional. Apesar do enorme avanço da indústria de alimentos infantis, o slogan “Bebê moderno só toma leite materno”, até os seis meses de vida, continua extremamente válido.


Paulo Cesar Guimarães é pediatra e infectologista pediatra, Membro do Comitê de Infectologia da Sociedade de Pediatria do Estado do RJ e  Professor e diretor da Faculdade de Medicina de Petrópolis.

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