por Roberto Marcio
Piloto de mountain bike na categoria over-50 e pai do melhor piloto da modalidade no país, Ruy Avancini é hoje uma figura importantíssima no cenário do mountain bike brasileiro. Um dos responsáveis pelo planejamento e execução do projeto do Comitê Olímpico Brasileiro (Cob), o diretor-técnico da Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC), Avancini, revelou como foi importante seu ingresso na principal entidade de ciclismo e sua influência no crescimento do país no esporte. O diferencial está bem claro. Antes de Ruy, o Brasil era apenas 29º no ranking mundial e hoje saltou para 9º.
A equipe do Portal Acontece em Petrópolis entrevistou o cartola de Petrópolis, que falou de tudo um pouco.
Portal AeP– Ruy Avancini,o Brasil subiu várias posições no ranking mundial de mountain bike nos últimos anos. Isto se deve, em boa parte, graças ao trabalho intensivo da Confederação Brasileira de Ciclismo, entidade na qual você é diretor-técnico. Ao que você atribui esse crescimento?
Ruy Avancini – Esse crescimento aconteceu no inicio de 2011, devido ao fato do Brasil não ter a vaga para as Olimpíadas de Londres. Foi nessa ocasião, que em conversa com o presidente da CBC em uma competição no Rio, argumentei que não entendia o porque do país ficar fora da olimpíada. Aí que começou a minha relação com a CBC. Eu propûs fazer um plano emergencial com os três melhores atletas pontuados no momento e o presidente aceitou. A partir daí, começou um estudo para ver que provas poderíamos fazer em busca do máximo de pontos possíveis. Fizemos as provas no Brasil, que valiam pontos para o ranking e fomos buscar o que faltaria na Costa Rica, México e Portugal. O Brasil saiu da 29ª colocação para a 18ª, garantindo assim uma vaga nas Olimpíadas de Londres.
Portal AeP– Para os Jogos Olímpicos do Rio, daqui a dois anos, qual a projeção da CBC sobre a classificação de pilotos brasileiros. Afinal, o país terá um dos mais classificados para o megaevento?
Ruy Avancini – Como a nossa modalidade teve um crescimento muito grande nos últimos dois anos, as perspectivas para 2016 são boas. Será feito um trabalho para que o Brasil fique no grupo dos 13 países, tendo direito assim, a duas vagas.
Portal AeP– Hoje, seu filho Henrique Avancini é o número um do Brasil na categoria elite. Como se dá essa relação familiar nas provas em que o garoto representa a CBC?
Ruy Avancini – A minha relação com o Henrique, dentro das competições, sempre foi visando o profissionalismo no esporte, muito antes que eu fizesse parte da CBC. O mountain bike é um esporte individual. Se você é bom e está bem preparado, com certeza será convocado. Por isso, nunca tivemos nenhum problema nas vezes que viajamos juntos.
Portal AeP– O papel de Petrópolis no ciclismo vem crescendo nos últimos anos. Existe hoje oArthur de Freitas como vice-presidente da Federação de Ciclismo do Rio, você na CBC e os pilotos que cada vez mais participam das provas nacionais. É possível sonhar, em poucos anos, numa atuação dos petropolitanos nessa modalidade a nível nacional. Você vê espaço para esse crescimento?
Ruy Avancini – O papel de Petrópolis no ciclismo nacional sempre foi muito expressivo. Acredito que isso se deve, principalmente, a nossa região ser montanhosa para a prática do mountain bike e ter boas rodovias para os treinos de speed. O Arthur sempre fez um bom trabalho na Federação do Rio, que ficou por muitos anos com dirigentes que só tinham interesses pessoais ou políticos. É de conhecimento de todos que toda cidade que se dedica a incentivar a prática do uso da bicicleta, tem um status diferente. Ela é vista com outros olhos por todos que a visitam, mas infelizmente nossos dirigentes não veêm assim.
Portal AeP– Falando em termos locais, o que falta então para Petrópolis promover ainda mais o ciclismo entre a população local? Qual sua sugestão para que a modalidade seja massificada ainda mais?
Ruy Avancini – Como já disse, Petrópolis tem todas as características para a prática do ciclismo. O que nós precisamos é um envolvimentos dos nossos governantes para a massificação da modalidade. Parece difícil falando assim, mas não é. Se a prefeitura desse condições de segurança para uso da bicicleta, 30% dessa massificação já estaria acontecendo e isso eu tenho certeza que, com a construção de ciclofaixas pela cidade, já ajudaria muito. Hoje, já existe um centro de treinamento (escolinha), que fica em Cascatinha. É uma pista de mountain bike que qualquer pessoal pode usar. Outro ponto é que hoje também existe verbas federais para construção de centros de treinamentos, que devem ser captados pelos órgãos públicos. Acho que, pra acontecer algo realmente grande e que fique na nossa cultura, terá que ter o envolvimento de todos.
