Concer: Maio amarelo
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Cidade

Jornalista lança nota de repúdio por demora na remoção de corpo em Cascatinha

por Carla Coelho

Na tarde de ontem, por volta das 15h, meu vizinho, o senhor Airton Gomes Queiroz, de 67 anos, morador da Travessa Luiz Mendes Rodrigues, nº325 – Cascatinha- Petrópolis/ RJ, faleceu, aparentemente de infarto fulminante, na própria residência.

A família, sem grandes conhecimentos, entrou em contato com a UPA, após isso com o Hospital Alcides Carneiro, com os Bombeiros, com a Delegacia de Polícia e também com o Pronto Socorro. As horas foram passando e o corpo continuou na residência. Sem nenhuma explicação digna de nenhuma dessas instituições, a família começou a se ver desesperada, pois a única informação que possuía era a de que não poderia remover o corpo do local sem o Atestado de Óbito.

As horas foram passando, passando e nada. Um carro do Corpo de Bombeiros chegou a entrar na rua em questão, mas não chegaram a ir até a casa, pois não são eles os responsáveis pela emissão do documento. Um carro da Polícia chegou a entrar na rua, mas também não puderam auxiliar a família, visto que também não podem emitir o documento. Já os responsáveis pela emissão do Atestado, simplesmente ignoravam o sofrimento de uma família trabalhadora com seu pai morto, deitado na cama, desde às 15h.

A comoção da família e dos vizinhos chegou a um grau tão desesperador, que já sem saber a quem recorrer, uma das vizinhas se lembrou de meu nome. O que ela queria? Denunciar! Denunciar para toda a imprensa Petropolitana que um trabalhador honesto, cumpridor de seus deveres civis, estava morto desde às 15h e que nenhuma instituição vinha cumprir o papel legal de emitir o Atestado de Óbito.

Eu, Carla Coelho, jornalista que atuo quase que integralmente em assessoria de imprensa, fiquei perplexa com a falta de respeito e antes de qualquer denúncia fiz as ligações “padrão”. Entrei em contato com o Pronto Socorro através do telefone (24) 2237-4062 e fui atendida por uma pessoa que se denominou Vick, ao explicar a situação ela me transferir para a Senhora Alessandra, que se disse recepcionista e me respondeu da seguinte forma: “Não temos médico para dar Atestado de Óbito nenhum. Estou muito ocupada e não posso falar com você agora”. Eu, na ânsia de tentar entender fiz a seguinte pergunta: “E quem pode me explicar como proceder para que meu vizinho obtenha o Atestado de Óbito?”. A resposta foi a pior que recebi em toda a minha vida: “Na segunda-feira você liga e fala com a Direção do Pronto Socorro”. E após essa resposta ela desligou o telefone na minha cara.

Cheguei a ligar para as queridas Andreia Constâncio do G1 e Maria Valente da Inter TV, mas então veio a melhor das ideias. Liguei para meu grande amigo pessoal e compadre Ricardo Patuléa de Vasconcelos, que atua Fundação de Saúde de Petrópolis. Com meu amigo, tive a oportunidade de reclamar da completa falta de educação e do absurdo que estava acontecendo.

O que aconteceu após isso? A ambulância chegou cerca de 40min, com uma médica que atestou o óbito e a família deu continuidade aos procedimentos necessários para a realização de um enterro digno. Vale ressaltar que a ambulância chegou em torno das 23h20. E quem não conhece ninguém que possa agir, como resolve um problema desses?

Não sou uma pessoa que se envolve em protestos, muito menos em nota de repúdio. Prefiro me manter longe de questões polêmicas, mas não hoje. Nessa manhã eu me coloquei no lugar da filha e da esposa do senhor Airton.

Nesse 1º de maio, Dia do Trabalhador, que todo profissional que de alguma forma atua diretamente com o ser humano, lembre-se de seu papel. Que nenhuma pessoa tenha coragem de abandonar uma família com seu ente querido morto dentro de casa. Que os trabalhadores entendam o seu papel para o pleno funcionamento da sociedade. Que haja mais respeito e menos hostilidade no dia a dia.

2 Comentários

  1. Infelizmente será um número em uma estatistica.Ops, será? Temos dados estatisticos?
    Não como deveriamos.
    Além do sofrimento próprio da dor pela perda do ente amado experimentou-se o descaso.
    Também conheço o Ricardo Patuléia, excelente pessoa, prudente e humano, que sorte! rs
    Sabe o que falta as vitimas e aos leitores pensar?
    Obviamente a primeira mensão a fazer é ” culpa da prefeitura” ,”vagabundos!” , “O prefeito não faz nada”…
    Mas…
    O serviço está lá, disponível tanto é que após contato com o Patuléia o serviço apareceu.
    O que falta?
    Humanidade! Os servidores que estavam a frente da resolução foram insensíveis a dor e as necessidades da família que solicitou um serviço público que estavam ali para prestar.
    Sim, existem problemas na saúde, há muito a ser feito, mas a essencia é o ser humano, o tratamento com o próximo. Poderia ser com qualquer um de nós.

  2. Eu presenciei tudo isso sou amiga da familia eu acho tudo isso um descazo com o sério humano obrigada Carla .

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