Gestação
(ou Serra das Estrelas)
E vieram os pioneiros.
E vieram
e voltaram
e vieram abrindo novos
caminhos para o fluxo e refluxo
do ouro.
Estradas e fazendas surgiam
serpenteando
e excitando a Serra dos pés à cabeça.
Serra que suportou o peso de patas,
de pés
e de almas que subiam e desciam e subiam e desciam.
O ouro descansava
pernoitando no teu colo macio.
No teu útero, minerais se contorciam
com o formigamento
contínuo pelo corpo.
Era a Serra à espera da posse.
A cama já estava ornada de hortênsias
e orquídeas.
E vieram outros pioneiros.
No papel , a planta.
No porto, pioneiros
peões
de mãos brancas
e corações verdes de esperança
que vieram vigorosos e ficaram.
Vieram e depositaram
seu sangue,
seu sêmen,
seu suor
e sua vida na pedra.
Daí o útero desta serena Serra
era um bruto canteiro de obras
um povo à espera de uma cidade
uma alma à espera de um feto.
Poema premiado no Concurso de Poesia da Bauernfest 2009, do poeta Matheus José Mineiro,autor do livro “A Cachoeira do Poema Na Fazenda do Seu Astral”.Radicado nas serras petropolitanas.
