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Cinema

Crítica: Capitão América 2: O Soldado Invernal (2014)

Gosto do Capitão América porque sempre me pareceu bastante interessante um herói ter como principal arma, a defesa. Creio que ver um escudo voando em direção ao inimigo tem uma cara de autodefesa ou contra-ataque, que deve ser levado em conta do contexto geral. Curto o Capitão América por outro motivo: ele tem nome e tenta viver como qualquer um, além de ser conhecido e reconhecido como tal. Pelo menos é assim nas sequências de filmes. O problema, creio eu, é achar alguém para enfrentar o super-herói, tarefa escorregadia que poucos criadores conseguem resolver: os vilões precisam se equivaler aos heróis, sem isso a história naufraga. Capitão América 2: O Soldado Invernal está entre essas obras.

A história do filme é simples: Steve Rogers (Chris Evans) vive em Washington D.C. e tenta uma vida normal. De repente, um colega da S.H.I.E.L.D.S é atacado e deixa com ele um segredo. Assim, ele se vê numa rede de intrigas em que o alvo principal é ele e sua parceria, a Viúva Negra (Scarlett Johansson). Em fuga, e na busca para descobrir a verdade por trás da empresa de segurança, acabam por encontrar um inimigo poderoso: o Soldado Invernal.

A falha do filme é que nada e nem ninguém consegue ter sequer um mínimo de poder contra o Capitão América. Ele é um herói intocável demais, certinho demais, perfeitinho demais e, em uma época de lançamentos de heróis totalmente destruídos como o Homem Aranha ou os X-Men, ele se torna um imaculado, quase um santo e toda a história parece irrelevante. A Viúva Negra tem certa graça, mas mostra uma Scarlett burocrática, sempre com cara de paisagem e tentando ser mais sensual do que ela realmente consegue ser. Já Evans, como Cap. América, é uma espécie de namoradinho da América, cheio de museus, homenagens e crianças felizes atrás. Torna-se um chato, a verdade é essa.

E é um chato principalmente por não parar de ter reminiscências do passado, das mortes que vivenciou na Segunda Guerra, dos amigos que perdeu, das mulheres que deixou para trás e isso engessa a narrativa que está sempre um passo atrás do que deve. A direção de Anthony e Joe Russo tenta remediar isso, mas a adaptação de uma Graphic Novel sem a estética HQ e sem um esforço de criação de transições torna a história demasiadamente entrecortada. Além disso, a necessidade de dar um fundo histórico, tentando incorporar questões da Segunda Guerra ou até de conspirações internacionais para dar toques intelectuais à obra, só atrapalham as cenas de ações que deveriam estar mais em destaque.

Apesar disso, são feitos diversos efeitos especiais para agradar os olhos, somente, uma vez que os ouvidos e os cérebros permanecem anestesiados.  Capitão América 2: O Soldado Invernal parece ser o ponto baixo das estreias da temporada de férias no hemisfério norte. Se eu fosse vocês veria o filme, mas logo depois correria para ver X-Men para, por fim, fazer a comparação. Acho que os mutantes ganharão de lavada.

O filme continua em cartaz no Cinemaxx Mercado Estação, com sessão às 18h30.

https://www.youtube.com/watch?v=IA33cvSQDOo

luizLuiz Antonio Ribeiro Formado em Teoria do Teatro pela UNIRIO, mestrando em Memória Social na área de poesia brasileira e graduando do curso de Letras/Literaturas. É adepto da leitura, pesquisa, cinema, cerveja, Flamengo e ócio criativo. Em geral, se arrepende do que escreve. Facebook: http://www.facebook.com/ziul.ribeiro Twitter: http://www.twitter.com/ziul

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