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[Na Mente de um Strudel] Tinder, pra que te quero?

Foto: Imagem ilustrativa

por Rafael Studart

Dedada para direita, dedada para esquerda, coração, xis… eventualmente, uma combinação acontece e um diálogo pode ser travado, seguido por um pedido de WhatsApp, “porque o chat daqui é muito bugado”, e/ou Facebook para conferirmos mais que as seis fotos, que podem ser as melhores da pessoa.

Poucos não sabem o que é Tinder, outros adoram e alguns ainda o veem com certo preconceito. “Mas por que você precisa de Tinder?”, de vez em quando me perguntam, quando a questão nada tem a ver com “precisar” e sim com “Por que não?”. Ele é mais uma opção que surge na era da ansiedade coletiva. Melhor do que uma boate abarrotada de gente, com música nas alturas, onde os pontos de QI masculino e a simpatia feminina parecem diminuir radicalmente depois que se passa pelo leão de chácara em sua entrada.

Entendo o medo de quem o ataca como sendo “coisa de gente desesperada”. Imagine a pessoa que está com você, pedindo licença para ir ao banheiro e, nesse intervalo, escolher com o dedo 100 parceiros (as) diferentes? Se deixei algumas pessoas paranoicas nesse instante, alivio dizendo que o aplicativo indica quando a pessoa entrou pela última vez, embora isso não funcione em alguns celulares (foi mal).

Para quem ainda possui dúvidas, listo algumas vantagens que considero fantásticas:

– Peneira: podemos criar várias etapas até a ficada propriamente dita, sendo a atração física o primeiro critério, seguido do bate-papo, para verificarmos se não estamos lidando com um paramécio. Depois, caso queira, é possível acrescentar quantas etapas quiser, mas, se tiver tempo, confira o “Sobre” da pessoa e veja, só por desencargo, se ela não escreveu “Prefiro ser essa metamorfose ambulante”;

– Sair da Bolha: se deixarmos, vivemos sempre naquela bolha de reafirmação dos nossos princípios e valores, trocando ideias com as mesmas pessoas, ou com pessoas que as conhecem. Raramente conhecemos gente realmente nova, vinda de outros círculos completamente diferentes. O Tinder é perfeito para isso. É a chance de se pluralizar de uma maneira não-convencional;

– Opções: não digo uma ou duas. São várias! Você nem imaginaria que há tantas opções assim. Sei de muita gente que fica com o mesmo cara, ou garota, por um misto de carência e falta de alternativas. Aturamos certas pessoas mais tempo que devíamos por mero comodismo. Se você tem opções, tudo fica mais simples. A pessoa te cansou? Afaste-se, chame outra e, se quiser, volte para ela no futuro. Ou não. Você que sabe, porque agora há opções.

Claro que existem pontos negativos:

– Ao vivo é melhor: talvez a frieza de se conhecer alguém virtualmente seja desagradável para muitos. Mas sinto que esse sentimento está se tornando cada vez mais distante, destinados aos românticos de outrora. Bailes da corte de Luís XV, boates, Tinder… Estamos cada vez mais tolerantes à impessoalidade.

– Comprar gato por lebre: um ponto derivado do anterior. Por ser virtual, corre o risco de você se enganar pela foto ou pelo papo, que pode ser amparado por um Photoshop ou Google, respectivamente. Nesse caso, você tem todo o direito de se retirar do encontro quando quiser. Cabe a você decidir o que fazer.

Se tiver algo a acrescentar, é só falar. Mas acho que não custa nada dar uma chance ao Tinder essa semana. Eu, pelo menos, não tenho do que reclamar.

studartRafael Studart é comediante, roteirista e professor universitário de física. Mestre pela COPPE/UFRJ, costuma tentar algo novo com uma certa frequência. Se quiser falar sobre relacionamento e sexo com ele, pode pará-lo na rua. Facebook: http://www.facebook.com/studart7

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