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Cinema

Crítica: Transcendence – A Revolução (2014)

As máquinas são responsáveis pelos maiores vícios e pelas maiores delícias de nossa geração. Nossa integração com aparelhos eletrônicos é quase tão profunda que, muitas vezes, não conseguimos diferenciar sobriamente onde estamos nós e onde estão eles. De certa forma, também já somos máquinas, seres em simbiose constante com a tecnologia. O último passo a dar é o aperfeiçoamento de uma inteligência que tiraria as rédeas dos homens definitivamente, para dividirmos as responsabilidades do mundo também como estes aparelhos. Transcendence – A Revolução é o pior pesadelo em relação a isso.

O filme conta a história de Will Caster (Johnny Depp), um cientista da tecnologia que, ao lado da esposa, desenvolveu uma máquina ainda primitiva de inteligência artificial. Após alguns ataques de grupos contra estas pesquisas, Will é contaminado e, como diagnóstico, terá poucos meses de vida. Assim, sua esposa Evelyn (Rebeca Hall) vai utilizar a máquina inventada por eles para transportar a consciência de Will para o aparelho, a fim de que ele continue vivo. No entanto, como se sabe, as máquinas possuem lógicas diferentes dos homens e a sobrevivência se torna, aos poucos, uma ameaça.

O mais interessante do filme fica a cargo da mudança de posição da perspectiva que ele apresenta logo no começo. Se em um primeiro momento a ideia das pesquisas é vista como algo bom para a humanidade e o grupo de resistência, apenas uma série de terroristas malucos; no decorrer da obra percebemos que a verdadeira questão reside não na possibilidade de pesquisa, mas na incapacidade de se traçar um limite a isso e este limite deve ser sempre… humano.

O que Transcendence expõe, no fim das contas, é o fato de que a humanidade, o humano, os paradoxos, as ambiguidades e a mediação entre opiniões e diversidade são tudo que deve ser preservado, enquanto que a desumanização radical pode ser uma ameaça por não levar em conta o componente de que toda transformação deve ser gradual e toda mudança deve ser um acordo. Toda transcendência como lei, no fundo, é um ato violento contra a sociedade e, por isso, é algo que deve ser fiscalizado por todos nós.

Johnny Depp, dessa vez, abandonou seus personagens caricaturais com toques homossexuais (finalmente, eis um momento que todos aguardávamos), mas também não conseguiu fazer muita coisa. Sua interpretação se reduz a ficar em uma tela falando sem emoção sobre aquilo que se passa em sua mente doentia. Ainda fico no aguardo de uma imponente interpretação do ator que é notadamente um grande ator, mas se esconde por detrás das máscaras.

Transcendence – A Revolução é um excelente filme de entretenimento que não se torna tolo e nem cai em chavões excessivos. Faz pensar, mas dentro do limite de uma boa diversão.

O filme está em cartaz no Top Cine Hipershopping ABC, com sessões às 15h30 e 20h30. A classificação é 12 anos.

luizLuiz Antonio Ribeiro Formado em Teoria do Teatro pela UNIRIO, mestrando em Memória Social na área de poesia brasileira e graduando do curso de Letras/Literaturas. É adepto da leitura, pesquisa, cinema, cerveja, Flamengo e ócio criativo. Em geral, se arrepende do que escreve. Facebook: http://www.facebook.com/ziul.ribeiro Twitter: http://www.twitter.com/ziul

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