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Cinema

Crítica: Rio, Eu Te Amo (2014)

Depois de “Paris, Je t’aime” e “New York, I love you”, o mais novo filme da série Cidade do Amor tem a Cidade Maravilhosa como cenário de variadas histórias de amor. “Rio, eu te amo” reúne dez histórias de diferentes diretores.

Dona Fulana, de Andrucha Waddington, conta a história de Leandro (Eduardo Sterblitch) que acreditava que sua avó, que conheceu quando criança, estava morta, até encontrá-la um dia na rua. Dona Fulana (Fernanda Montenegro) mora na rua, e de lá não quer sair. Mesmo com os apelos do neto, ela se recusa a voltar para casa, e ainda o leva numa experiência inesquecível pelo Rio de Janeiro.

O olhar da diretora sobre a vida de uma moradora de rua no Rio beira ao lírico, pois ela mostra um Rio de Janeiro tão belo que isso se torna motivo suficiente para uma senhora decidir viver em suas ruas, como a forma mais pura de liberdade. Sterblitch num papel mais sério é completamente ofuscado por Fernanda Montenegro, que como sempre, rouba a cena.

Em La Fortuna, de Paolo Sorrentino, uma ex-modelo (Emily Mortimer) e seu marido (Basil Hoffman) vêm para o Rio de Janeiro passar férias em uma linda casa de praia. Mas ele está cansado da atitude controladora da mulher, e decide por um fim nessa situação.

A passagem é um exemplo de que nem todas as histórias são felizes e bonitas no longa, mas esta, sem dúvidas, é a mais mórbida.

A Musa, de Fernando Meirelles e Cesar Charlone, mostra o escultor Zé (Vincent Cassel), que reproduz nas areias de Copacabana obras mundialmente conhecidas, até o dia em que vê passar uma linda jovem no calçadão. Sonhando com sua nova musa, ela o inspira a criar uma escultura original.

O curta é o Rio que o gringo vê, que se encanta com os ritmos brasileiros e claro, a beleza das mulheres. Tudo isso é mostrado de uma forma muito sutil e musical.

Em Acho que Estou Apaixonado, de Stephan Elliott, Jay (Ryan Kwanten) está no Brasil para divulgar seu novo filme no Festival do Rio. Após o evento, ele não vê a hora de voltar para o hotel e descansar, mas seu motorista (Marcelo Serrado) não para de puxar conversa. Quando Jay se depara com o Pão de Açúcar, fica deslumbrado e é atraído até o ponto turístico.

Não sei o que foi mais surreal nessa história: duas pessoas escalarem o Pão de Açúcar sem equipamento nenhum ou a visão que eles tem quando chegam lá em cima, que era para ser fantasiosa e mágica, mas acabou sendo só cafona mesmo.

Quando Não Há Mais Amor, de John Turturro, mostra um casal que viaja até a ilha de Paquetá, mas percebe que, na verdade, seu casamento está chegando ao fim. Então, eles aproveitam a ocasião para fazer uma bela despedida.

Diálogos mornos e casal sem química, parece que o curta só entrou para divulgar o trabalho de Vanessa Paradis como cantora, que encerra a história ao sair de casa cantando Plus D’amour, de sua autoria.

Texas, de Guillermo Arriaga: após um acidente de carro, Texas, um ex-lutador de boxe (Land Vieira), perde um braço e sua esposa (Laura Neiva) não consegue mais andar. Movido pelo sentimento de culpa, ele está disposto a fazer de tudo para arrecadar o dinheiro necessário para a cirurgia que pode curar sua mulher. Com isso, acaba se envolvendo em uma rede lutas clandestinas no Rio de Janeiro.

Mostrando um outro lado do Rio, a trama é a mais interessante e melancólica, mostrando os “sacrifícios” que uma pessoa está disposta a fazer só para tentar melhorar a vida da pessoa amada.

Em O Vampiro do Rio, de Im Sang Soo, Fernando (Tonico Pereira) é um garçom de meia-idade que trabalha num movimentado restaurante turístico. Ele mora no Vidigal, guarda um grande segredo e é apaixonado por Isabel (Roberta Rodrigues), sua vizinha. Ela é uma mulher bonita e batalhadora, que trabalha como prostituta para sustentar a filha.

Esta é a parte do filme que você se pergunta “o que é isso que eu estou vendo?”; bizarro, e não no bom sentido…

Pas de Deux, de Carlos Saldanha, é sobre um casal de bailarinos que está ensaiando um novo espetáculo, quando ele recebe um convite para se apresentar no exterior. O jovem (Rodrigo Santoro) hesita em aceitar a proposta com medo de prejudicar seu relacionamento com a parceira (Bruna Linzmeyer). Faltando poucos minutos para entrar no palco, a discussão se agrava, mas o show tem que continuar.

Um tema tão comum como crise conjugal é mostrado de uma forma esteticamente muito bonita e delicada. A coreografia final mostrada nas sombras, no Teatro Municipal, é um dos pontos altos do filme.

O Milagre, por Nadine Labaki: durante uma filmagem no Rio, um casal de atores famosos conhecem um menino que acredita receber telefonemas de Jesus. No início, eles o encaram com desconfiança, mas depois percebem que o “Jesus” com quem ele fala não é quem o menino está pensando.

A ingenuidade de uma criança, moradora de rua, que quer falar com Jesus ligando de um número de orelhão é a parte mais tocante do filme. Mas isso que não quer dizer que seja um curta dramático. Os diálogos entre o menino (Cauã Antunes) e o casal (Harvey Keitel e Nadine Labaki) são divertidos e o desfecho, não só é bonito, como também tem como maior mérito não apelar para o sentimentalismo, optando por arrancar risadas do público.

Inútil Paisagem, de José Padilha, traz um instrutor de asa-delta (Wagner Moura) que analisa sua relação com as pessoas e a cidade durante um voo na Pedra Bonita.

Em contraste com as paisagens belíssimas do Rio de Janeiro mostradas nesse curta, o instrutor faz uma crítica aos problemas da cidade, indicando que para quem vive lá, ela não é tão maravilhosa assim…

Em suma, é um filme leve e que pela variedade de histórias, pelo menos alguma deve agradar até ao espectador mais exigente. Com histórias dispensáveis, umas bonitas e outras que ficam no meio termo, no geral, é um bom filme.

https://www.youtube.com/watch?v=CgR-bJ3a168

O filme está em cartaz no Cinemaxx Mercado Estação, com sessão às 19h10. A classificação é 12 anos. O cinema não abre segunda-feira.

Marianne Wilbert

Jornalista, pós-graduada em mídias digitais.
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