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Cinema

Crítica: O Doador de Memórias (2014)

Os estudos de memória, mais ou menos recentes, não conseguem chegar a uma conclusão precisa do que é e do que devemos fazer com a memória. Ela deve ser preservada? Deve ser descartada? Devemos escavar memórias subterrâneas ou devemos dar voz, via memória, àqueles que foram silenciados? De qualquer forma, uma coisa fica latente: há, hoje em dia, excesso de memórias e este, talvez, seja o maior problema de nosso mundo contemporâneo. O Doador de Memórias expõe o outro lado da moeda que faz com que encaremos esta questão.

O filme, de Phillip Noyce, é sobre um mundo futurista, cinza, em que as memórias do passado não existem. Em nome da ordem, do controle e da felicidade, um governo faz com que todos os dias os homens tomem pílulas que controlam os sentimentos e fazem políticas já estabelecidas de controle de afeto: família, amor, sexo e todas as pulsões são retirados de todos.

Neste mundo, Jonas, um jovem rapaz, é escolhido para ser o ÚNICO homem que deverá portar toda a memória do passado. Ele é escolhido, após uma seleção, para receber aulas, livros e ideias que devem ser passadas para o futuro. No entanto, ao ver como o mundo poderia ser, tanto na felicidade, quanto na guerra, percebe que qualquer cor é melhor que aquele cinza e assim vai em busca de resgatar tudo que foi perdido por outras gerações.

O mais interessante do filme está na análise dessas questões, uma vez que, quem assiste tem dúvidas se se trata de um filme sobre memórias ou sobre o amor. A hipersubjetividade que torna a obra adolescente e mole impede que a complexa questão relativa à configuração de um mundo sem memória seja aprofundada.

De qualquer forma, O Doador de Memórias consegue nos revelar uma face interessante de nosso futuro. O fascismo, como silenciador de vozes e discursos díspares pode nos levar a um mundo desses: em que é proibido dizer, sentir e pensar. Estamos cada vez mais concordados que não podemos discordar e, assim, estamos perdendo a possibilidade de estarmos com/no outro.

O filme está em cartaz no Cine Bauhaus, com sessões às 15h e 19h. A classificação é 12 anos.

luizLuiz Antonio Ribeiro Formado em Teoria do Teatro pela UNIRIO, mestrando em Memória Social na área de poesia brasileira e graduando do curso de Letras/Literaturas. É adepto da leitura, pesquisa, cinema, cerveja, Flamengo e ócio criativo. Em geral, se arrepende do que escreve. Facebook: http://www.facebook.com/ziul.ribeiro Twitter: http://www.twitter.com/ziul

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