As luminosidades das pessoas atraem até mariposas
panteras rugindo no cubículo do seu apartamento.
carretas, retro-escavadeiras, rolos compressores, britadeiras
e mais de 30 peões de obra dentro da sua cabeça.
onças urrando, leopardos bramindo
hipopótamos extravasados grunhindo dentro de um barraco.
elefantas num calor alucinado dentro de um micro ônibus.
cabras usando meus penhascos e minhas palavras para dispararem bélicos berros.
enquanto
o verbo trovejar faz uso do céu da sua boca
é preciso
expectorar o muco juntamente com o mundo.
a cidade cospe
argamassa, cimento, gesso, rejunte, massa corrida, solvente
e abre
qualquer sentimento hoje em dia
com uma furadeira e um martelete demolidor.
hienas, bugios, canários, arapongas solfejam no único cômodo do seu crânio.
tucanos, gaivotas, macucos e mutuns te transformam em um galho de guapuruvu.
verduras e hortaliças brotam na umidade da sua boca
em meio a situações que se parecem
com bisturi de cesariana ou eletrodos de desfibrilador.
prana, poemas e trilhas
surgem tal qual
os caramujos surgem gosmentos dentro da urgência e da pressa .
a tranquilidade e o prazer
expandem o organismo
como o anu preto, o beija flor de garganta verde e o sabiá branco
expandem o azul marítimo.
medo contrai músculos ,
comprimem vasos sanguíneos,
incha varizes, entope veias.
.
quero uma nuvem de alecrim para chover dentro de mim.
quero aquele momento entre o relâmpago e o trovão.
entre a enchente e a estiagem.
entre o chuvisco e a tempestade.
enquanto algum
Telescópio Espacial da Nasa
tenta rastrear a estrela que orbita
na galáxia da nossa pupila.
Matheus José Mineiro é autor do livro “A Cachoeira do Poema Na Fazenda do Seu Astral” e dos fanzines Apologia Poética artesanalmente, Alcoologia Poetica, Mais Um Cadim de Poesia Aí, Ô Trem Bão Poesia Com Limão e Costelinha com Quiabo e Poesia (www.
