Birdman é o melhor filme que vejo desde o lançamento de Holy Motors. A violência, o pessimismo e a capacidade única de retratar aqueles homens menores, doentes, frágeis, que passaram anos e anos subjugados e humilhados, chega a seu ponto culminante nesta obra: Birdman é feito de imaginação.
O filme conta a história de Riggan Thomson (Michael Keaton), um ator que ficou famoso por fazer um super-herói no cinema – o Birdman – que tenta finalmente emplacar uma obra séria, adaptando para o teatro a obra de Raymond Carver. Depois de passar anos sendo seguidamente excluído e humilhado, Riggan tenta inverter tal situação, no entanto, precisa encarar a própria falta de talento e os problemas de uma vida comum: uma filha viciada, ex-esposa, atores estrelas e, o melhor, uma voz em sua cabeça, espécie de consciência, que lhe narra os fracassos e sucessos a todo o tempo.
De certa forma, a obra atualiza o pensamento de Raymond Carver para a tela: não importa o que tenhamos feito, somos sempre – e para sempre – iniciantes neste mundo. Estamos sempre na busca de algo impossível que, em Birdman, só é possível a partir do próprio cinema, da linguagem fílmica que só tem a si própria para se referenciar.
Metalinguístico, o filme encerra diversas camadas: a técnica de planos sequência, a narrativa fantástica, a obra dentro da obra, tudo isso que, ao fim, nos dão uma visão do que seria a tal “condição humana”. Sem palavras, ao fim do filme, fiquei tentando entender o que senti. Senti, por fim, mas até agora, pouco entendi.
O filme está em cartaz no Cinemaxx Mercado Estação, com sessão às 21h15, cópia legendada. A classificação é 16 anos.
Luiz Antonio Ribeiro é formado em Teoria do Teatro pela UNIRIO, mestrando em Memória Social na área de poesia brasileira e graduando do curso de Letras/Literaturas. É adepto da leitura, pesquisa, cinema, cerveja, Flamengo e ócio criativo. Em geral, se arrepende do que escreve. Facebook:http://www.facebook.com/ziul.ribeiro Twitter:http://www.twitter.com/ziul
