Histórias sobre apocalipse estão bem populares hoje em dia. É só ver o êxito de “The Walking Dead”, por exemplo, que não me deixa mentir. Porém, acredito que o maior motivo do sucesso dessas ficções apocalípticas é a tensão criada entre os humanos que se transformam ao ter que enfrentar esse novo mundo, sem um governo, sem leis, onde os poucos sobreviventes lutam por comida e segurança. O que causa o fim do mundo acaba se tornando secundário, pois zumbis ou doenças perigosíssimas acabam sendo apenas um pano de fundo emocionante, para uma questão maior.
No caso de “Caixa de Pássaros”, livro de estreia de Josh Malerman, a premissa não se baseia em algo que se pode ver e/ou tentar achar uma cura, e sim, em algo que está do lado de fora, cuja única coisa que se sabe é que quem olhá-lo, verá algo tão atordoante que a enlouquecerá e fará com que se mate. Desta forma, as pessoas passam a tampar todas as janelas de suas casas com cobertores pretos e só saem vendadas, sem saber o que está causando isso tudo. É um “inimigo invisível e letal”.
E é exatamente nisso que está todo o diferencial do livro. Você sente a agonia dos personagens que vivem no escuro, em todos os sentidos. Para dar ainda mais emoção, Malorie, a protagonista, tem dois filhos pequenos, que desde bebês foram treinados a escutar perfeitamente, e enfrenta uma viagem com eles rio abaixo, com todos vendados, em busca de um lugar seguro, contando apenas com a audição apurada dos meninos e seu instinto de sobrevivência. Os trechos de sua fuga são intercalados com flashbacks de quando estava grávida e ainda vivia com outras pessoas, dando uma melhor compreensão do modo de vida nesse novo mundo, até chegar ao dia em que ela decide ir embora.
Vou apelar para o clichê e dizer que o livro é de tirar o fôlego. Enquanto os personagens não podem abrir os olhos, os leitores não conseguem desgrudá-los das páginas.
Em suma, um ótimo thriller! Recomendo!
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