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Colunas

[Para & Pensa] O Sol

por Daniel Martinez de Oliveira

Costumamos aprender que o Sol é o astro principal do Sistema Solar, aquele que se encontra no seu centro e lhe dá nome, que é a fonte de vida do nosso planeta e nos fornece calor, proporciona energia para as plantas e, por conseguinte, nosso alimento. Mas ele pode ser também uma bomba-relógio. Com toda a potência atômica de sua massa e a energia que faz emanar, ele pode nos levar à extinção em algum momento. Assim, o senhor de nossos planetas também pode conter o poder da destruição.

Na cultura de diversas sociedades, o Sol é ou foi a divindade mais importante e poderosa. Para os astecas, por exemplo, o deus Sol Tonatiuh precisava ser alimentado dia após dia, para que o tempo nunca deixasse de fluir e a escuridão nunca dominasse a vida. Ele é representado no calendário asteca com a boca aberta à espera do sangue sacrificial, o preço para se manter o fluir do tempo. Ali está implícito o poder deste deus, capaz de dar a vida, mas também de levar à morte. Por conta disso, eclipses eram percebidos com grande apreensão, pois cobrir o Sol ou fazê-lo desaparecer poderia significar o fim da existência humana sobre a Terra.

Hoje a ciência nos explica que o Sol é uma dentre muitas e muitas estrelas no Universo, uma reles estrela mediana às margens de uma galáxia qualquer. Isso, é claro, não faz grande diferença para nós, já que continuamos a depender dele para a nossa vida. É inegável que ele nos é indispensável, o que não significa que ele deixe de ter a capacidade de nos destruir. Há cálculos, inclusive, que sugerem a destruição da Terra pelo Sol dentro de cinco bilhões de anos.

Sabemos também que o Sol emite ondas eletromagnéticas que são captadas pela Terra. Essas ondas interferem diretamente no modo como somos e no modo como nosso planeta se comporta. Para além dos aspectos geográficos, geofísicos, e das marés, há quem diga que o Sol também pode atuar sobre nossas células e nossa mente, por meio da radiação. Pesquisas feitas por astrofísicos dão conta até de que certas mutações genéticas podem ter sido provocadas pelas descargas de partículas solares no campo eletromagnético da Terra.

A Ciência Noética (ou Noetic Science em inglês) se baseia neste tipo de abordagem, e aponta para prováveis mudanças nos seres humanos em um futuro próximo. A base dessas mudanças estaria nas emissões eletromagnéticas do astro-rei. Para esses cientistas, a mutação se daria em um viés transcendental, metafísico, já que as pessoas passariam por experiências não ordinárias de percepção, com potencial para levar a “esclarecimentos” sobre a realidade.

Nos últimos anos, temos presenciado uma fraca atividade solar, mas quando esta atividade é maior o risco de sermos afetados aumenta, principalmente no que tange às tecnologias que criamos, cada vez mais sensíveis. Para os defensores da ciência noética, também podemos passar por alguma mutação mais estrutural, com repercussões sobre o que somos, do ponto de vista existencial.

Se perceberemos ou não essas mudanças, não cabe a mim precisar. É certo dizer, porém, que o Sol sempre teve o poder de ativar nossa imaginação e de promover transformações em nosso planeta, em nosso corpo e em nossa mente. E assim tem sido nos últimos milhões de anos.

 

Daniel Martinez de Oliveira

Daniel Martinez de Oliveira é graduado em história e mestre em antropologia pela UFF, onde também faz seu doutorado. Realizou pesquisas sobre a Umbanda, o Santo Daime e o Caminho de Santiago. É antropólogo e historiador do Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM) e administrador substituto do Palácio Rio Negro (Petrópolis). Além de ser professor universitário, deu aulas de espanhol por mais de dez anos. Nascido e criado em Nova Friburgo, após três anos de trabalho no Museu de Arqueologia de Itaipu, em Niterói, adotou Petrópolis para trabalhar e viver com a família. É mochileiro de carteirinha e adora ler e escrever poesias.

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