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Coluna Literária

[Coluna literária] “Condenada” – Chuck Palahniuk

Madison Spencer é uma menina de 13 anos, filha de atores bilionários, que morre de overdose de maconha. Parece absurdo, não? Afinal, quem morre de overdose de maconha? Mas isso é apenas uma pequena amostra do que vos aguarda nas páginas de “Condenada”, de Chuck Palahniuk.

Durante sua jornada no submundo, Madison é acompanhada por um grupo inusitado, formado por um jogador de futebol americano, um nerd, um roqueiro de cabelo azul e uma líder de torcida que usa sapatos de marca falsificada, enquanto procura entender sua breve vida, sua morte, e tenta chamar a atenção de Satã.

Certamente, a imagem que você tem do inferno nunca mais será a mesma com as descrições de Palahniuk, que incluem desde um Mar de Insetos e Grandes Planícies de Cacos de Vidro até o Grande Oceano de Esperma Desperdiçado e um morro de pedaços de unhas, isso sem falar nos demônios que Madison avista por lá e o encontro com personalidades como Hitler, Catarina de Médici, Calígula, Vlad III, deixando a narrativa cheia de referências histórias, e outras literárias também.

Com muito humor, o livro critica celebridades, crenças, profissões, hábitos; nada e nem ninguém escapa da mira do autor.

“Até onde eu sei, você tem uma escolha entre dois tipos de carreira no Inferno. Sua primeira opção é trabalhar para um desses web sites que todo mundo acha que vem da Rússia ou de Burma, onde homens e mulheres pelados olham sem piscar para a webcam, com olhar vidrado (….). Mas caso você não queira passar a eternidade se enfiando enema em algum site safado, visto por milhões de homens com sérios problemas íntimos, o outro tipo de trabalho que a maior parte do povo faz no inferno é… telemarketing. (…) Meu trabalho é: as forças das trevas estão constantemente calculando quando é a hora do jantar em qualquer ponto da Terra, e um computador disca automaticamente esses números de telefone para que eu possa interromper a refeição de todo o mundo. Meu objetivo não é de fato vender nada; só pergunto se você tem alguns segundinhos para tomar parte de uma pesquisa de marketing que identifica tendências de consumo de goma de mascar.”

A criatividade de Palahniuk não tem limites: além dos cenários surreais que descreve, ele ainda estabelece uma “lei divina” com algumas condutas que garantem a condenação, como a de que cada ser humano, durante a vida, não pode buzinar mais que quinhentas vezes e nem descartar mais de cem bitucas de cigarro; cada pessoa só pode usar a palavra com P um máximo de setecentas vezes. “Regras similares se aplicam à higiene pessoal; por exemplo, na 855ª vez que você deixa de lavar as mãos depois de esvaziar os intestinos ou a bexiga, está condenado. A 300ª vez que você usar a palavra neguinho ou a palavra bicha, não importa sua raça ou preferência sexual, você acaba comprando aquele temido bilhete só de ida para o submundo”.

Irreverente, com uma protagonista cativante e engraçada, “Condenada” foi uma experiência divertida o suficiente para fazer com que “Maldita”, a continuação, entrasse no meu carrinho de compras literário. Para quem está em busca de algo inusitado, fica aí a minha sugestão!

Marianne Wilbert

Jornalista, pós-graduada em mídias digitais.
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