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Cidade

Jornada pela Memória, Verdade e Justiça fala da necessidade de desapropriação da Casa da Morte

Foto: reprodução / Yuri Moura

No último fim de semana, a Câmara Municipal foi palco da primeira Jornada pela Memória, Verdade e Justiça, organizada pelo grupo pró-Comissão Municipal da Verdade de Petrópolis. Mais de 150 pessoas estiveram presentes para debater o contexto da ditadura militar e a cidade de Petrópolis, assim como a necessidade de regulamentação da Comissão Municipal da Verdade junto ao poder executivo a partir de um canal de diálogos com a sociedade civil através das Jornadas.

A jornada contou com a participação de autoridades públicas, como os vereadores Anderson Juliano e Silmar Fortes; o Procurador Geral do município, Marcus São Thiago; Marcelo Auler, da Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro e Eduardo Stotz, representando o grupo pró-Comissão Municipal da Verdade e que conduziu os trabalhos na tarde do último sábado (12).

Um dos momentos marcantes do evento foi quando familiares de vítimas e atingidos pela ditadura militar em Petrópolis puderam externar suas memórias sobre toda repressão e perseguição enfrentadas durante a ditadura militar e o impacto causado destes episódios em suas vidas, como os casos de Maria Quadros, Marcos Quadros e João Quadros, filhos de Fabrício Quadros e que tiveram o pai perseguido durante toda a ditadura; Breno Moroni, irmão de Jana Moroni, militante desaparecida na Guerrilha do Araguaia; e Pedentrina de Araújo Fernandes, ex-funcionária da Fábrica Cometa e perseguida em Petrópolis, por reivindicar melhores condições trabalhistas para os funcionários.

A Casa da Morte fica na na Rua Arthur Barbosa, no Caxambu
A Casa da Morte fica na na Rua Arthur Barbosa, no Caxambu

Representantes de organizações não governamentais, partidos, movimentos estudantis e de juventude, sindicalistas, ativistas dos Direitos Humanos e pesquisadores também se manifestaram sobre o tema, com destaque para a necessidade de desapropriação da “Casa da Morte” e transformação do local em um Centro de Memórias.

A Casa da Morte já possui seu decreto de desapropriação, porém, ainda em busca de captação de recurso para tal. Diversos grupos e instituições seguem com as tratativas em busca dos recursos financeiros. O procurador Marcus São Thiago informou que há a possibilidade deste recurso chegar através do poder executivo federal, assim como através de uma verba parlamentar. Assim, com a compra do imóvel, poderia ser criado um Centro de Memórias no local.

O grupo pró-Comissão Municipal da Verdade compreende que debater desde já a criação deste memorial é fundamental para a efetiva desapropriação do local.

Em março do ano passado, a Comissão Nacional da Verdade realizou uma audiência sobre a Casa da Morte de Petrópolis, exibindo vídeos e fotos sobre o imóvel utilizado pela Ditadura Militar no início dos anos 1970 para torturar até a morte militantes contrários ao regime. Na ocasião também foi apresentado o relatório preliminar sobre a Casa da Morte, identificando a lista de torturadores e de vítimas que passaram pelo imóvel, além de ter contado com a presença da única militante sobrevivente da casa, Inês Etienne, que confirmou todas as atrocidades cometidas ali.

Na época, o Prefeitura havia conseguido uma verba de R$ 600 mil, por meio de emenda parlamentar da deputada federal Jandira Feghali, para a criação do memorial, e estava em busca de verbas federais para a desapropriação dos dois imóveis que formam o conjunto da Casa da Morte.

A próxima Jornada está prevista para ocorrer em outubro e, ainda neste ano, proceder com a composição da CMV e sua regulamentação junto ao poder executivo local.

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