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Saúde

Especialista alerta para boatos que relacionam a mamografia ao câncer de tireoide

Foto: Gisele Rocha

Recentemente, nas redes sociais e em grupos do WhatsApp, informações davam conta de que a radiação utilizada no exame de mamografia, essencial e determinante para a detecção do câncer de mama, causaria um outro tipo de câncer: o de tireoide. Um programa de televisão nos Estados Unidos, Dr. Oz Show, divulgou que o aumento de câncer de tireoide em mulheres nos últimos 30 anos se justificava pela exposição à radiação em exames dentários e a mamografias.

Especialistas afirmam que, na verdade, não existe nenhuma evidencia científica ou epidemiológica que possa justificar esta afirmação, até porque o índice de câncer de tireoide também aumentou nos homens.

“No caso da mamografia não existe uma radiação direta na tireoide, ela recebe um quantidade mínima de radiação espalhada no tecido equivalente a 30 minutos de exposição à radiação que ocorre naturalmente no ambiente em que vivemos devido a materiais que nos envolve. Na realidade, se a mulher fizer um exame por ano, após os 40 anos, ela receberá ao final do exame, uma dose de radiação na tireoide equivalente a um dia de exposição à radiação natural”, afirma Carlos Eduardo de Almeida, PhD em Física Médica e integrante do Corpo Clínico da RadioSerra – Centro Regional de Radioterapia.

A mamografia é uma forma de fotografia da mama usada para a verificação de existência de algum sinal físico precursor da doença como uma microcalcificação, ou de câncer de mama já presente buscando tumores iniciais. Para Carlos Eduardo, é necessário ter consciência da importância do exame na detecção do câncer. “Em geral, ao verificar lesões inicias, a mamografia aumenta de forma surpreendente as chances de um bom tratamento, levando à cura total, da mesma forma que pode detectar sinais que pareciam doença, e na realidade, não são. Os chamados ‘falsos negativos’, da ordem de 10%, são esclarecidos com uma biópsia”, afirma.

Estudos realizados recentemente mostram que, durante a mamografia, a glândula mamária recebe cerca de 30% menos radiação do que se pensava, de forma que o risco, mesmo pequeno, passou a ser menor comparado com as vantagens em se diagnosticar um tumor bem no início. Antes de 1990, a taxa de mortalidade por câncer de mama se mantinha inalterada e, após o uso da mamografia nos programas de prevenção, esse número diminuiu em 30%, principalmente em mulheres acima de 50 anos.

Outra questão que gera dúvidas é se a radiação usada na mamografia não é cumulativa no corpo humano, mas o físico explica que uma fonte de raios-X é como uma lâmpada que se acende no escuro. “Quando uma lâmpada é acesa, ela ilumina, quando está apagada não emite radiação. Assim funciona um aparelho de raios-X. Quando as doses são muito elevadas, o que não é o caso da mamografia ou de exames dentários, alguns danos podem não ser reparados naturalmente e totalmente pelo tecido. Além disso, o feixe de radiação é bastante colimado para a região de interesse. A quantidade de radiação absorvida no corpo humano depende da densidade do tecido. Quanto mais denso, maior sua absorção, o que permite a formação de uma imagem com contraste como uma boa fotografia”, disse.

Carlos Eduardo alerta para o esclarecimento da população diante de boatos como este. “Em caso de dúvidas, os pacientes podem obter mais conhecimento através de consultas médicas, ou em textos baseados em fatos e dados científicos”.  Sobre a não realização de exames, ele esclarece: “Na eventualidade da paciente estar grávida, ou estar em dúvida, o médico deve ser informado para decidir se ele deve ou não ser realizado para evitar a irradiação desnecessária do embrião, que é mais sensível a radiação do que o adulto”, finaliza.

Mais informações podem ser obtidas na sede da RadioSerra – Centro Regional de Radioterapia, que fica localizada na Rua Dr. Sá Earp, 309 parte – Morin, pelo telefone (24) 2246-1724, no site www.radioserra.com ou no e-mail [email protected].

 

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