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Crônicas

Observações de uma petropolitana: lendas urbanas

Petrópolis é conhecida por sua história e pelas personalidades que por aqui passaram, contudo, o espírito destas pessoas ilustres ainda habitam alguns pontos turísticos da cidade, ou pelo menos, o imaginário dos petropolitanos, e daí surgem as lendas urbanas.

Casa dos Sete ErrosAfinal, uma cidade repleta de casas antigas acaba se tornando um cenário perfeito para muitas dessas histórias, como é o caso da Mansão de Tavares Guerra, ou Casa dos Sete Erros, como ficou mais conhecida.

Há anos, diziam que em algumas noites era possível ver uma mulher com uma vela na mão em uma das janelas da casa, por isso a casa da Ipiranga também ficou conhecida como “mal-assombrada”. Mas não é só lá que viam aparições. O Museu Imperial mesmo é um dos principais cenários dessas histórias sobrenaturais. São portas que batem à noite sem ter ninguém, uma misteriosa dama de branco passeando pelo jardim e até carruagem com espírito.

O Programa Mistério, da antiga TV Manchete, dedicou um episódio para falar dos fantasmas do Museu em 1998. Na ocasião, Maria de Lourdes Horta, ex-diretora do Museu Imperial, comentou que achava que todos os objetos e tudo o que tem no museu estão impregnados de vivência do passado. “Todo objeto traz em si uma energia, uma manifestação de um espírito que criou aquela coisa. Muitas vezes, eu ficava até uma, duas horas da manhã trabalhando, quando todo mundo já tinha ido embora e não era raro ouvir passos no corredor, portas que se abriam, me levantar, olhar e não ter ninguém”. Ela ainda lembrou que ao montar o quarto da Princesa Leopoldina, no dia da arrumação, ela viu de relance, um vulto de uma mulher passando pelo jardim. “Acho que devia ser o vulto da Princesa Leopoldina. Ela devia estar feliz que estávamos montando seu quarto”, brinca.

Sobre a famosa dama de branco, a ex-diretora comenta: “Aparecia uma mulher toda de branco passeando pelo bosque e isso começou a ficar corrente na cidade, muita gente ficava na grade para ver”. Na verdade, a famosa dama de branco nada mais era que um guarda do Museu, que colocava um lençol branco e ficava andando pelos jardins, como revelou o atual diretor, Maurício Vicente.

Segundo a ex-funcionária Maria de Lourdes Pereira, numa noite, por volta das 20h, ela e o marido escutaram alguém chorando nas carruagens. Maria pensou que as portas foram fechadas e que alguém poderia ter ficado trancado. “Como todas as chaves do Museu ficavam em nossa casa, meu marido foi lá, abriu a porta e viu que não tinha ninguém”. Ela ainda relembra que todo o dia pela manhã, muitos quadros se encontravam tortos, como se alguém tivesse passado por eles. Ainda segundo a ex-funcionária, o já falecido ex-diretor do Museu, Francisco Marco dos Santos, era espírita e sempre via espíritos no local. “Ele era um médium vidente. Na hora de fechar o museu ele dizia assim para o meu marido: ‘Você está vendo? Lá no canto tem dois caboclos que tomam conta do museu’”.

Já Dora Rego Correia, ex- coordenadora administrativa do Museu, falou sobre uma das carruagens que tem uma energia diferente, como se espíritos ali estivessem presentes. “Esta carruagem pertenceu à família Tavares Guerra (antigos moradores da Casa dos Sete Erros, na Rua Ipiranga) que a vendeu ao senhor A. Vasconcelos, que era um homem que tinha uma empresa funerária e fazia os enterros aqui em Petrópolis”.

O vídeo do programa Mistério você pode conferir aqui.

Outra figura que habitava o imaginário dos petropolitanos na década de 1970 era a Loira do Cemitério. Klair Klim Gomes, pensionista e catadora de papel, morou durante 28 anos no cemitério. Sua história foi marcada pela tragédia, pois na década de 1960, seus pais morreram na queda de uma barreira no bairro do Quitandinha e pouco mais de um ano depois, ela foi adotada por uma família do Vital Brasil.

Sofrendo maus tratos da família adotiva, com 18 anos, Klair saiu de casa e foi morar no Cemitério Municipal de Petrópolis onde dormia em covas rasas e se alimentava com comidas de despacho, como frango, farofa e pães.

Embora ela fosse considerada a “loira do cemitério”, Klair afirmou para um jornal local que chegou a ver este espírito. “Nunca cheguei a falar com ela, pois desaparecia entre as sepulturas”.

De acordo com a minha avó que lembra bem desse caso, a loira do cemitério ficava em cima de uma campa acenando para as pessoas que passavam pelo local. A lenda falava sobre uma bela loira que frequentava as noites petropolitanas e quando a festa acabava, ela ia até o cemitério e desaparecia.

Petrópolis foi cenário da “Lenda do Saci Pererê e da Maria Comprida”

Tentando descobrir a origem do nome do Pico da Maria Comprida, localizado na Serra das Araras, surgiram várias hipóteses. Uma delas diz respeito a uma prostituta.

Na virada do século XIX para o XX, por sediar a capital do Estado, havia muitos prostíbulos na cidade. Entre as prostitutas, Dinair Maria Sampaio se destacava por ser alta e ter pernas longas e, por isso, ficou conhecida como “Maria Comprida”. A jovem de 19 anos e de origem portuguesa se diferenciava da maioria que era formada por negras e/ou ex-escravas. Grande parte delas morava nas encostas dos morros petropolitanos, como o da Floresta ou o da Caixa D’Água, atual 24 de Maio.

Maria Comprida ganhou grande destaque nos jornais da época, devido ao acidente que sofreu. Segundo um artigo do professor Ferreira disponível no site do Instituto Histórico de Petrópolis, um guarda tentou prender Maria Comprida e ela fugiu por dentro da linha férrea. “Ela seguia em direção à Floresta, onde morava próxima à altura do túnel. Ao chegar à curva que ficava por trás de uma serraria, um trem expresso a atropelou, derrubando-a por terra já sem uma de suas pernas. Maria Comprida foi, então, removida com urgência pelo guarda e por pessoas que estavam no local para o Hospital Santa Teresa, onde três dias depois, devido a graves ferimentos, veio a falecer”. O texto completo você pode conferir aqui.

Segundo um texto da década de 1920, do professor Paulo Monte, a lenda fala de um Saci (Maria Comprida que ficou sem uma das pernas devido ao acidente) que assustava os homens que ousassem subir ao pico, como punição àqueles que tentassem “chegar à morena em tal situação”. Monte ainda relata que um idoso, que morava nas proximidades do pico, confirma esta história.

E vocês, já ouviram falar em mais alguma?

Marianne Wilbert

Jornalista, pós-graduada em mídias digitais.

2 Comentários

  1. Muito legal!
    Já ouvi falar de alguns ex-funcionários sobre casos na casa do barão de mauá também 
    Passos, luzes ligando sozinhas,portas batendo sem correntes de ar…
    Hugo Theobald que fazia o programa Flagrante sabia de alguns casos a mais
    Parabéns pelo post

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