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Coluna Literária

[Coluna literária] “Admirável mundo novo” – Aldous Huxley

“Oh, maravilha! Como há aqui seres encantadores! Como é bela a humanidade! Oh, admirável mundo novo!” – A Tempestade, William Shakespeare

Os romances distópicos estão cada vez mais em alta, afinal, quem não gosta de ler sobre sociedades futurísticas com normas e comportamentos diferentes, e imaginar como seriam esses mundos novos? Portanto, nada mais coerente do que ler o pai de todas essas obras que inspirou e inspira tantas outras que se tornaram nossas queridinhas. Claro que estou falando de “Admirável mundo novo”, de Aldous Huxley.

Democracia, monogamia, pai e mãe, é tudo coisa do passado. No ano 634 d.F. (depois de Ford), os seres humanos passam a ser fabricados e programados desde que nascem para assumir determinadas funções, sendo divididos em castas que vão desde os Alfas (os dominantes), Betas, Gamas, Deltas até os Ípsilons (as mais baixas). Cada casta usa uma cor de roupa e tem diferentes funções e privilégios.

A tristeza, a melancolia e qualquer sentimento “negativo” também acabaram. Quando uma pessoa começa a se sentir assim, toma logo uma dose de uma droga chamada soma (tipo um prozac) para melhorar seu ânimo.

Com o lema “Cada um pertence a todos”, a monogamia agora é crime, todos podem se relacionar com quem quiserem e quando quiserem, pois ficar apenas com uma pessoa por meses é visto com maus olhos. Laços afetivos são inconcebíveis nesta sociedade, uma mãe parindo um filho é coisa de selvagens e, por isso, neste mundo novo, as crianças são concebidas em laboratórios e lá mesmo já são classificadas e condicionadas a saber exatamente seu papel na sociedade, sem questionar, através da hipnoterapia.

“Dizer que era mãe – aquilo já passava dos limites do gracejo: era uma obscenidade. Além disso, ela não era uma selvagem autêntica, pois fora incubada num bocal, decantada e condicionada como qualquer outra pessoa, de modo que não podia ter ideias verdadeiramente singulares.”

A música não existe mais, não passando de um som sintético, assim como as grandes obras da humanidade, como os livros de Shakespeare, por exemplo.

Entretanto, John é filho de uma mulher desse mundo novo, mas foi criado na selvageria, lendo Shakespeare e lidando com relacionamentos monogâmicos. Então, ao se deparar com esse mundo novo que tanta ouvira falar como se fosse uma maravilha, se espanta e se decepciona, não conseguindo adaptar-se a ele.

“O mundo agora é estável. As pessoas são felizes, tem o que desejam e nunca desejam o que não podem ter. Sentem-se bem, estão em segurança; nunca adoecem não tem medo da morte, vivem na ditosa ignorância da paixão e da velhice; não se acham sobrecarregadas de pais e mães, não tem esposas , nem filhos, nem amantes por quem possam sofrer emoções violentas; são condicionadas de tal modo que praticamente não podem deixar de se portar como deve. E se, por acaso, alguma coisa andar mal, há o soma”.

Uma vez tendo conhecido o real, mesmo que isso inclua decepções e dificuldades, é difícil viver numa sociedade aparentemente perfeita, mas que na verdade está anestesiada. E é com isso que John tem que lidar, porém, a solução que ele encontra para enfim conseguir afirmar sua individualidade e liberdade, só lendo o livro para descobrir!

Marianne Wilbert

Jornalista, pós-graduada em mídias digitais.
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