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[Para & Pensa] Passeio a Petrópolis


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por Daniel Martinez de Oliveira

No dia do aniversário de Santos Dumont, revisitei a casa do inventor, aviador, cientista e intelectual na cidade de Petrópolis. A casa conhecida como “Encantada”. Desta vez, fui com minha família àquela casinha que tantas ideias me deu e tanto me fez imaginar, ao final da infância e na adolescência. Tanto que um dos livros que eu mais gostava era uma biografia de Santos Dumont, que carregava vários esboços e projetos do inventor.

A visita foi muito mais que a ida a um museu. Foi, na verdade, o reencontro com um dia de dezembro de 1992, quando eu tinha dez anos. Naquele dia, há 23 anos, eu saí de Nova Friburgo com a minha turma da escola, para visitar a Cidade Imperial. Pude conhecer, com meus colegas, o Museu Imperial, o Palácio Quitandinha, o Parque Crémerie, a Catedral de São Pedro de Alcântara, onde estão sepultados os restos de d. Pedro II e da imperatriz Teresa Cristina. Foi um dos passeios que mais marcaram toda minha vida. E o final dele se deu exatamente na Encantada.

Passadas essas duas décadas e morando há mais de um ano em Petrópolis, encontrei ali um menino. Ele estava na entrada da casa e parecia deslumbrado com a engenhosidade de Santos Dumont. O espaço era pequeno, e eu me dei conta disso ao entrar agora. Mas para o menino, não: ainda era bem grande.

Passeei calmamente por toda a casa, reparando nos objetos e na mobília. Ia explicando para a minha filha menor todos os detalhes que eu podia lembrar da minha visita de criança. E o menino ainda ali, sempre a me olhar, escutava o que eu dizia e fazia uma cara estranha. Ele sabia tudo o que eu falava, mas parecia achar monótona a minha fala.

Fui ao segundo andar. Admirei novamente o chuveiro que o ilustre morador inventou. O garoto só ria, admirado, de alegria. Minha filha achava tudo interessante, e eu, tudo diferente, ainda que igual. Eu lembrava de tudo maior. Então, tomei a rampa, saí da casa e fui à festa do aniversário. Tinha bolo, refrigerante e um ator vestido do inventor. Ou seria o inventor vestido de ator? Tamanha era a semelhança…

Ali ficamos por um tempo. Tiramos fotos, conversamos, comemos. Por fim, deixamos a festa e fomos descendo as escadas. Quando olhei para trás, lá estava o garoto de dez anos, acenando para mim, de uniforme escolar, sonhador e extasiado. Olhando para ele, estava eu, no auge dos meus trinta e dois anos, um reflexo envelhecido do menino. Ele nem se deu conta de que era uma memória muito especial que carregarei por toda a vida.

Daniel Martinez de OliveiraDaniel Martinez de Oliveira é graduado em história e mestre em antropologia pela UFF, onde também faz seu doutorado. Realizou pesquisas sobre a Umbanda, o Santo Daime e o Caminho de Santiago. É antropólogo e historiador do Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM) e administrador substituto do Palácio Rio Negro (Petrópolis). Além de ser professor universitário, deu aulas de espanhol por mais de dez anos. Nascido e criado em Nova Friburgo, após três anos de trabalho no Museu de Arqueologia de Itaipu, em Niterói, adotou Petrópolis para trabalhar e viver com a família. É mochileiro de carteirinha e adora ler e escrever poesias.

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4 Comentários

  1. Boa Noite. Sou de Niterói, e me vi nesse texto do Sr. Daniel Martinez. Também fui em excursão com a turma da escola na década de 80, e muitos anos depois, em 2011, com meus filhos.E tive as mesmas impressões e pensamentos do Sr. Daniel. Não só da Casa de Santos Dumont, como também o Museu Imperial e o Palácio de Cristal. Foi muito especial assim como para o autor, rever esses lugares da minha infância, pelos olhos dos meus filhos! Obrigada.

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