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[Para & Pensa] Deu “zika”?

por Daniel Martinez de Oliveira

Vivemos uma nova epidemia, que se tem colocado como global. Um pequeno ser, que nem mesmo DNA possui e cujos parentes mais ferozes podem nos fazer perecer, tem se espalhado e hoje se encontra nos cinco continentes. Falo do vírus Zika, que tem brotado incessantemente nos mais diversos meios de comunicação no Brasil e no mundo.

Na história do nosso planeta, várias foram as ocasiões em que doenças levaram espécies à dizimação ou à própria extinção total. E isso não é diferente com os seres humanos. Nossa civilização esteve sob a atuação destrutiva de muitas doenças, boa parte das quais não deixou registros históricos, já que vírus e bactérias têm se adaptado ao corpo humano desde que surgimos no mundo.

Entre as pandemias registradas, a peste bubônica, por exemplo, levou à morte cerca de uma terça parte da população europeia no século XIV. As doenças trazidas por portugueses e espanhóis quando chegaram à América ceifaram a vida de milhões de pessoas autóctones do continente, tendo uma representatividade bem grande em relação ao número total de mortes na “Conquista”. A gripe de 1918, ou Gripe Espanhola, arrastou cerca de 40 milhões de pessoas ao túmulo, matando mais soldados americanos na Primeira Grande Guerra que os inimigos dos Aliados.

Em tempos mais recentes, a gripe aviária – parente da gripe de 1918 – e a gripe suína causaram alarde mundial. As crises de ebola espantaram o globo, ao saírem de seus territórios no continente africano e alcançarem áreas mais afastadas. Os surtos de encefalopatia espongiforme, ou mal da vaca louca, causada por proteínas de tipo príon e transmissível ao ser humano que, surgida na Inglaterra, chegou ao Brasil e países vizinhos. A febre chikungunya, que se parece à dengue e causa muita dor. Muitas foram as doenças que vimos espraiar-se em pouco tempo.

Estamos diante de uma séria crise mundial de saúde, principalmente por conta da associação do vírus Zika aos casos de microcefalia e de síndrome de Guillain-Barré. Estará o mundo preparado para tratá-la e combatê-la? Seremos capazes de superar essa doença? Ou não será tão grande a ameaça que essa enfermidade traz à espécie humana?

Diante da gravidade do fato, de tanta informação truncada, da falta de pesquisas e do despreparo dos governos, o que mais me chamou atenção nos últimos dias foram os anúncios e as brigas dos grupos farmacêuticos, cujos cinco maiores grupos controlam cerca de 90% do mercado mundial de vacinas. Independentemente da gravidade desta crise, será que surgirá uma vacina eficaz em curto tempo?

Nada melhor que uma doença “nova” para movimentar um mercado estagnado há tempos, como é o das vacinas. Caso não venha a ser satisfatoriamente lucrativo, será que ainda poderemos contar com uma cura?

 

Daniel Martinez de OliveiraDaniel Martinez de Oliveira é graduado em história e mestre em antropologia pela UFF, onde também faz seu doutorado. Realizou pesquisas sobre a Umbanda, o Santo Daime e o Caminho de Santiago. É antropólogo e historiador do Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM) e administrador substituto do Palácio Rio Negro (Petrópolis). Além de ser professor universitário, deu aulas de espanhol por mais de dez anos. Nascido e criado em Nova Friburgo, após três anos de trabalho no Museu de Arqueologia de Itaipu, em Niterói, adotou Petrópolis para trabalhar e viver com a família. É mochileiro de carteirinha e adora ler e escrever poesias.

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