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Coluna Literária

[Coluna literária] “Homens sem mulheres” – Haruki Murakami

Para conhecer um autor, uma boa forma para começar a ter contato com suas obras é através dos contos. Neles você já percebe o estilo, o ritmo e já consegue saber se gosta ou não de sua escrita. Porém, como depois de ter lido “Sono” (leia aqui sobre este livro) ainda não tinha formado uma opinião sobre Haruki Murakami, resolvi ler “Homens sem mulheres” que reúne sete contos do autor.

Mais uma vez Murakami faz uso de músicas dos Beatles (vide Norwegian Wood que inclusive ganhou uma adaptação para o cinema em 2013) ao intitular as duas primeiras histórias da obra. Em “Drive my car”, um ator contrata uma motorista para percorrer as ruas de Tóquio e acaba surgindo uma espécie de amizade entre eles, fazendo com que ele se sinta à vontade para falar de sua vida, relembre de seu casamento… O diálogo faz com que ambos reflitam sobre determinados pontos de suas respectivas histórias que até então não tinham parado para pensar. Já em “Yesterday”, o protagonista Aki lembra de seu amigo Kitaru que um dia sugeriu que ele saísse com sua namorada, pois não estava tendo tempo para ela. Anos depois ele reencontra Erika e conversam sobre o rumo que a vida de cada um tomou.

O terceiro conto, “Órgão independente”, é a história de um médico que tinha uma vida boa, saía com várias mulheres, sem nunca ter se apaixonado por nenhuma. Até o dia que acontece e ele não sabe como lidar com esse sentimento tão arrebatador que o consome.

“Sherazade” é um relato do primeiro amor e da obsessão que pode levar alguém a cometer pequenos delitos só para se sentir próximo e conhecedor da pessoa amada.

“Kino”, por sua vez, é o conto com o ar mais misterioso, digamos, mais metafórico. É sobre um recém-divorciado que acaba de abrir um bar e percebe que o mesmo homem se senta sempre no mesmo lugar e pede sempre a mesma bebida. Um dia ele começa a ver cobras no bar e o seu cliente mais assíduo o avisa que ele tem que sair dali o mais rápido possível.

O sexto conto, “Samsa apaixonado”, é como se fosse “A metamorfose”, de Kafka, só que ao contrário. Um inseto se transforma num homem chamado Gregor Samsa e neste novo corpo passa a experimentar novas sensações, principalmente ao se deparar com uma mulher.

Já “Homens sem mulheres”, que encerra o livro e dá nome à obra, é uma história comovente sobre amor e saudade. Particularmente, foi o meu conto preferido e conclui o livro com chave de ouro.

Se antes ainda não tinha formado uma opinião sobre Haruki Murakami, agora essa dúvida caiu por terra: virei fã.

 

Marianne Wilbert

Jornalista, pós-graduada em mídias digitais.
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