Publicidade Concer: Passarelas
Publicidade Concer: Passarelas
História

[Você sabia?] Um petropolitano ganhou o Nobel de Medicina de 1960

Em 28 de fevereiro de 1915, em Petrópolis, nascia no Hospital Santa Teresa, Peter Brian Medawar, filho de uma britânica e de um um brasileiro de origem libanesa, naturalizado britânico. Com a família viveu na Rua João Caetano, no bairro Caxambu, durante a infância até os 15 anos.

Foi educado em Marlborough College, Inglaterra, para onde se mudou em 1928. Em 1932, ele foi para Magdalen College, Oxford, para estudar zoologia sob orientação do professor J. Z. Young.

De acordo com um artigo de Maurício Younes-Ibrahim, na época da sua maioridade, recebia uma bolsa de estudos do Governo Britânico. Solicitou a intervenção de seu padrinho, então Ministro da Aeronáutica, Salgado Filho, para obter isenção do serviço militar obrigatório no Brasil. O Ministro da Guerra de Getúlio Vargas, general Eurico Gaspar Dutra, não atendeu ao pleito do jovem petropolitano. Estas questões circunstanciais fizeram com que a cidadania de Peter fosse supostamente perdida e a sua nacionalidade brasileira nunca fosse vinculada ao laureado.

Em 1935 se formou em zoologia na Universidade de Oxford, onde conheceu Jean Shinglewood Taylor, filha de um médico de Cambridge. Casou-se em 1937 e com ela teve quatro filhos: Charles, Alexander, Caroline e Louise.

Depois de tirar seu diploma de bacharel em Oxford, Medawar trabalhou por um tempo na Escola de Howard Florey de Patologia, na Universidade de Oxford, e lá se interessou em pesquisa nos campos de biologia que estão relacionados com a medicina.

Em 1947, foi nomeado professor titular de Zoologia na Universidade de Birmingham, quatro anos depois se mudou para Londres onde permaneceu até 1962, quando foi nomeado diretor do Instituto Nacional de Pesquisa Médica, em Londres.

Sua pesquisa anterior feita na Universidade de Oxford era sobre a cultura de tecidos, a regeneração dos nervos periféricos e a análise matemática das mudanças da forma de organismos que ocorrem durante esse desenvolvimento. Durante o início da Segunda Guerra Mundial, ele foi solicitado pelo Conselho de Investigação Médica para investigar por que a pele tirada de um ser humano não formava um enxerto permanente na pele de outra pessoa, e este trabalho permitiu-lhe estabelecer a teoria da imunidade dos transplantes que formou a base do seu trabalho posterior. Quando se mudou para Birmingham, em 1947, ele continuou a trabalhar sobre ela, em colaboração com R. Billingham, e juntos eles estudaram problemas de pigmentação e enxerto de pele em bovinos, e o uso de enxerto de pele para distinguir entre monozigóticos e dizigóticos gêmeos em bovinos.

Neste trabalho, que levou em consideração o trabalho de R. D. Owen, concluiu que o fenômeno que chamaram “tolerância adquirida ativamente” de homoenxertos poderia ser reproduzido artificialmente. Para este trabalho anterior sobre transplante e crescimento, Medawar foi eleito Fellow da Royal Society, em Londres. Quando ele se mudou para Londres em 1951, Medawar continuou a trabalhar com R. Billingham e L. Brent, sobre este fenômeno de tolerância, e sua análise detalhada sobre isso o ocupou por vários anos. Ele também realizou outras pesquisas sobre a imunidade dos transplantes.

Em 1960, junto a Frank Macfarlane Burnet, ganhou o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina pela descoberta da tolerância imunológica adquirida.

A Royal Society de Londres, onde ele foi o Croonian Docente em 1958, concedeu-lhe a Medalha Real em 1959. Também foi eleito membro estrangeiro da New York Academy of Sciences, da Academia Americana de Artes e Ciências e da American Philosophical Society. Em 1965 foi agraciado com o título de Sir, pela Rainha Elizabeth II.

Também publicou muitas obras como: The Uniqueness of the Individual (1957), The Future of Man (1960), The Art of the Soluble (1967), The Hope of Progress (1972), Life Science (1977), Advice to a Young Scientist (1979), Pluto’s Republic (1982), The Limits of Science (1984) e a autobiografia, Memoir of a Thinking Radish (1986), onde mostrava o contraste vivido entre a limitação física causada pela doença (sua saúde começou a deteriorar quando teve um AVC em 1969)  e sua lucidez preservada; nela também, lembrava aspectos de sua vida no Brasil, como o arroz, feijão e farofa preparados pela babá Dina, que cuidava dele e dos irmãos, Pamela e Philip.

Peter retornou ao Brasil em 1961, quando recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade do Brasil (UB), atual UFRJ.

Ele faleceu no dia 2 de outubro de 1987, em Londres.

Veja uma reportagem do Fantástico, em 1998:

Botão Voltar ao topo
error: Favor não reproduzir o conteúdo do AeP sem autorização ([email protected]).