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Servidores do LNCC se manifestam contra a extinção do Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação

Foto: Paulo César Faria

Nesta manhã desta quarta-feira (8), servidores do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) realizaram o Ato em Defesa da Ciência e Tecnologia: Não à extinção do Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação (MCTI), promovido pela Associação dos Servidos do CNPq – ASCON-Rio, que também com a com participação de alunos, bolsistas e outros colaboradores da instituição. A manifestação aconteceu em frente ao Supercomputador Santos Dumont, que, de acordo com eles, está sem funcionamento, graças aos cortes no orçamento das Instituições do extinto MCTI.

O ato está inserido na mobilização geral de todos os servidores do MCTI reivindicando a volta do MCTI, hoje incorporado ao antigo Ministério das Comunicações. “Inicialmente faremos atos em todos os institutos de pesquisas do MCTI sediados no estado do Rio de Janeiro. Ontem o ato foi no CETEM, hoje, além do LNCC, foi realizado no CBPF e amanhã no ON e MAST”, informou Luiz Gonzaga, representante dos servidores do LNCC.

No último mês, em resposta aos planos do presidente interino, Michel Temer, de fundir o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) com o das Comunicações, 13 entidades brasileiras, ligadas à área de ciências, enviaram manifesto conjunto a Temer intitulado “O MCTI é o motor do desenvolvimento nacional”. O documento diz que a fusão “é uma medida artificial, que prejudicaria o desenvolvimento científico, tecnológico e de inovação do país”, além do que pode comprometer as políticas públicas do setor.

O texto, assinado pela Academia Brasileira de Ciências (ABC) e pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), entre outras, destaca que “é grande a diferença de procedimentos, objetivos e missões desses dois ministérios”. As entidades argumentam que enquanto a agenda do MCTI “é baseada em critérios de mérito científico e tecnológico, com programas desenvolvidos e avaliados por comissões técnicas”, os procedimentos do Ministério das Comunicações envolvem “relações políticas e práticas de gestão distantes da vida cotidiana do MCTI”.

O documento diz também que as missões dos dois ministérios não são compatíveis, e que, enquanto as atividades de área das comunicações inclui concessões e fiscalização, as atividades do MCTI envolvem fomento a pesquisas, envolvimento de pesquisadores em redes multidisciplinares e interinstitucionais, estímulo a inovação tecnológica em empresas, além de ser responsável por duas dezenas de institutos de pesquisa.

“A junção dessas atividades díspares em um único ministério enfraqueceria o setor de ciência, tecnologia e inovação que, em outros países, ganha importância em uma economia mundial crescentemente baseada no conhecimento e é considerado o motor do desenvolvimento. Europa, Estados Unidos, China, Coréia do Sul são alguns exemplos de países que, em época de crise, aumentam os investimentos em  P&D [pesquisa e desenvolvimento], pois consideram que essa é a melhor maneira de construir uma saída sustentável da crise”, justifica.

O texto atribui ao MCTI o fato de o Brasil haver ganhado mais destaque no cenário científico mundial. “Se há duas décadas o Brasil ocupava a 21ª posição no ranking mundial da produção científica, hoje já se encontra no 13ª lugar. Hoje, todos os estados da Federação contam com secretaria de ciência e tecnologia e respectiva fundação de amparo à pesquisa”, destaca. A comunidade científica também argumenta que foi o MCTI que viabilizou novas leis que beneficiaram o setor, como a Lei de Inovação (2004), Lei do Bem (2005), Lei de Acesso à Biodiversidade (2015) e o novo Marco Legal da C,T&I (2016).

Além de não ser feita a fusão, o documento pedia ainda que o MCTI fosse reforçado, com financiamento adequado e liderança que olhe para o futuro.

Já nesta última terça-feira (7), o senador Jorge Viana (PT-AC) lamentou a decisão de fundir os dois ministérios. Para o senador, a área é estratégica para o país. Ele leu trechos de uma carta aberta de cientistas do Acre que pedem a recriação da pasta.

O senador disse lamentar a extinção do ministério justamente no ano em que o país criou um marco legal para o setor (Lei 13.243/2016). Ele também pediu apoio ao projeto de sua autoria (PLS 226/2016) que inclui no marco regulatório os pontos vetados pela presidente Dilma Rousseff quando da sanção da norma.

*Com informações da Agência Brasil e Senado.leg.br

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