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Coluna Literária

[Coluna literária] “Após o anoitecer” – Haruki Murakami

Mari Asai é uma garota solitária que abandona a casa dos pais para perambular pelas ruas de Tóquio de madrugada. Já sua irmã Eri é uma top model, que caiu num sono profundo há meses e parece que não vai acordar tão cedo. Enquanto lê um livro numa cafeteria, Mari é abordada por um jovem que havia estudado com sua irmã e a partir daí acontecimentos inesperados vão acontecendo.

Um empregado numa empresa de tecnologia vira a noite trabalhando e esconde uma segunda personalidade; uma prostituta é espancada num motel e ao tentar ajudá-la, a gerente acaba se envolvendo com a máfia chinesa; um narrador distante vai relatando os estranhos acontecimentos no quarto em que Eri dorme; Mari se envolve com Takahashi, que é um músico que busca um sentido para a vida…

E entre diálogos aparentemente banais, com uma dose de reflexão e uma pitada de realismo mágico, Murakami vai construindo sua narrativa, prendendo o leitor, levando-o a se identificar com os seus personagens, mas com um fim inconclusivo.

Conhecendo aos poucos sua obra, dá para perceber que aquele final todo explicadinho não é de seu perfil, o mais importante é a jornada, a leitura, a conclusão ele deixa para que cada um tire as suas… Essa característica ou vai agradar ou desagradar e deixar aquela sensação de “faltou alguma coisa”, mas dificilmente alguém ficará indiferente a um de seus livros.

“Fico pensando… Será que as lembranças não seriam o combustível de que os homens precisam para viver? Se essas lembranças são ou não realmente importantes para a manutenção da vida, não vem ao caso. Elas podem ser apenas um combustível. Seja uma propaganda de jornal, um livro filosófico, uma foto pornográfica ou um maço de notas de dez mil ienes, tudo isso não passa de papel na hora de queimar, não é mesmo? O fogo não queima tudo questionando ‘Nossa! Isto é Kant’ ou ‘Isto é a edição vespertina do Yomiuri’ ou ‘Puxa! Que peitos!’, concorda? Para o fogo, tudo não passa de papel. É a mesma coisa com a memória. As lembranças importantes, as mais ou menos importantes, ou até as que não tem importância nenhuma, tudo, indiscriminadamente, é apenas matéria de combustão.”

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Marianne Wilbert

Jornalista, pós-graduada em mídias digitais.
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