“Era uma vez, num lugar muito distante, talvez na China, um imperador poderosíssimo, sagaz e compassivo que um dia reuniu todos os sábios do reino, filósofos, matemáticos, cientistas e poetas e disse a eles: ‘Quero uma frase curta que sirva para todas as ocasiões possíveis, sempre’. Os sábios se retiraram e passaram meses e meses refletindo. Por fim voltaram e disseram ao imperador. ‘Já temos a frase, é a seguinte: Isto também vai passar’.”
Quando era pequena, Blanca escutou essa história de sua mãe para ajudá-la a superar a morte de seu pai, mas agora, com a perda da mãe, é Blanca quem fala da dor da perda e conta sua própria história.
Reminiscências pautadas pela ferida ainda aberta dão o tom da narrativa, que poderia ser melancólica pela temática, mas acaba sendo mais saudosista e reflexiva ao abordar temáticas universais como amor, desejo, medo, riso, desolação…
Considerado o melhor livro de 2015 pelo jornal espanhol “La Vanguardia”, acredito que esta seja aquela obra cujo impacto depende do momento em que você a lê. Se você também está enfrentando um momento de luto, provavelmente vai ser arrebatador, inesquecível. Caso não, pode ser que se torne mais um livro, já que não é uma história com clímax, tramas, mas um relato muito belamente escrito. Seja como for, vale a pena conferir!
“Continuo amando todas as pessoas que um dia eu amei, não consigo deixar de ver, através de todas as deserções e da maioria das deslealdades próprias e alheias, a pessoa daquele tempo, nítida, antes que tudo se transformasse em cinza. Com certo heroísmo estúpido, não renego nenhum dos meus amores nem nenhuma das minhas feridas. Seria como renegar a mim mesma. Sei que não é assim para todo mundo, o manto da vergonha é espesso e resistente, e muitos carregam seus ódios e ressentimentos como insígnias, espadas em riste, com tanto orgulho e tenacidade quanto seus afetos.”
