A exposição “Petrópolis: Ditadura e Resistência”, que fez parte da programação da “Semana da Memória, Verdade e Justiça”, idealizada pela Comissão da Verdade de Petrópolis, chega ao Palácio Itaboraí. A visitação, que continua até 21 de outubro, é aberta ao público de segunda a sábado, de 9h às 17h, e é totalmente gratuita.
A proposta é apresentar um pouco do trabalho realizado pelo Grupo Pró-Comissão da Verdade de Petrópolis, atual CMV, com base nas pesquisas preliminares feitas no ano passado. Criado em abril de 2015, o grupo pesquisa, entre outros assuntos, dados sobre a conjuntura da luta de classes na cidade – antes, durante e após o golpe de 64.
Por meio de documentos e imagens, a exposição revela a mobilização dos trabalhadores e movimentos populares durante a deflagração do golpe. Mostra ainda a cassação em 1964, pela Câmara Municipal, do mandato do vereador José de Araújo Aranha, que era filiado ao Partido Socialista Brasileiro (PSB).
Além disso, a exposição conta um pouco sobre a luta de dois petropolitanos que se destacaram durante o regime militar. De um lado, Fabrício Alves Quadros, membro do Partido Comunista Brasileiro (PCB), sofreu perseguições durante os 20 anos de ditadura no Brasil. Do outro, Jana Moroni Barroso, do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), que lutou na Guerrilha do Araguaia. Jana saiu de Petrópolis em 1971 e está desaparecida desde 1974. Nascida em 10 de junho de 1948, desapareceu aos 26 anos.
A mostra traz ainda imagens dos desaparecidos políticos que passaram pela Casa da Morte, residência localizada na Rua Arthur Barbosa, no Caxambu, que foi um dos principais aparelhos clandestinos de tortura do país.
A compilação procura valorizar a história de luta dos trabalhadores e o legado dos movimentos populares e sindicais para a cultura, a política e a vida social da cidade, tendo em vista principalmente esclarecer a população sobre as graves violações de direitos humanos praticadas, os fatos e processos ocorridos e o papel desempenhado pelas instituições durante a ditadura militar no Brasil, entre os anos de 1964 e 1985.
Dentro desta proposta, busca-se recuperar um pouco dos embates sociais e políticos na cidade e no país – antes, durante e após o Golpe Militar de 1º de abril de 1964, e no decurso da ditadura de 21 anos que se seguiu – com base em documentos do Arquivo Histórico de Petrópolis e do Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro e informações constantes dos Relatórios das Comissões Nacional e Estadual da Verdade, da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos, entre outras fontes.
A exposição, através de documentos e imagens, revela por exemplo a mobilização dos trabalhadores e movimentos populares, no período de 1964 (e mesmo depois, a exemplo da greve dos operários têxteis de Cascatinha em 1966), bem como ações repressivas, como a demonstrada pelo documento de cassação, pela Câmara Municipal de Petrópolis, dos mandatos do vereador do Partido Socialista Brasileiro, José de Araújo Aranha, e de seus suplentes, pouco tempo após o golpe.
Além disso, ressalta dois destacados militantes da cidade: Fabrício Quadros, perseguido e inúmeras vezes preso durante a Ditadura Militar, e Jana Moroni, morta e desaparecida pelas forças repressivas na Guerrilha do Araguaia.
Por fim, traz fotografias e informações dos militantes que foram submetidos aos horrores da Casa da Morte de Petrópolis, aparelho clandestino de tortura e morte de opositores do regime, situado no início do bairro Caxambu, e que funcionou na primeira metade da década de 1970.
A exposição está organizada em quatro blocos ou momentos mais significativos da época de duração da ditadura militar:
Bloco I – O golpe militar de 1º. de abril de 1964: antecedentes, razões e objetivos
Bloco II – A implantação da ditadura militar e as primeiras resistências (1964-1968)
Bloco III – A consolidação da ditadura militar: os anos de chumbo (1969-1979)
