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[Quebra-cabeças] Pelos caminhos da psicologia da caixa de ferramenta: a sua e a minha caixa

por Raphael Curioni

Sabe o que poderia definir a psicologia? Imagine que você está querendo alcançar uma caixa que está em cima de seu armário de dois metros e 40 de altura e esticando a mão você não consegue pegá-la. Ao seu redor você vê uma vassoura, uma cadeira, um tênis, uma raquete de tênis e no andar de baixo, uma escada. Você escolhe um desses objetos e tenta pegar essa caixa. Há a chance de dar certo ou não. Dando certo você alcançou seu objetivo. Não dando certo você irá pensar em outra coisa para apanhar essa caixa. E assim irá seguir até realizar a tarefa que queria realizar.

O que quero dizer com isso? Que quando surge um problema, você precisa usar o que há perto para tentar superá-lo. Buscar alternativas e testá-las para poder superar barreiras e problemas sintetiza o ser autônomo e capaz de fazer coisas por sua própria conta. Na vida é assim. Surge um problema e você precisa encontrar algo para conseguir resolver esse desafio. Algumas vezes, ou temos poucos recursos por perto ou não estamos vendo esses recursos. Outras vezes o desafio é mais complicado e é preciso de mais esforços ou pegar recursos que estão perto e criar novos. Basicamente assim é a vida. Resolver situações. Quando estamos completamente desorganizados e sem a calma para pensarmos em como vamos resolver essas questões, ou paramos de tentar ou nos desesperamos.

Qual seria o papel da psicologia? Trazer a pessoa para um estado de organização mental, em um momento de maior calma para trazer a capacidade criativa, racional e emocional para trazer possibilidades para superar os problemas. É como se desenhássemos ou colocássemos em uma forma organizada no papel tudo que está ocorrendo e daí entendêssemos melhor a situação. De forma calma e crítica. No segundo momento quando sabemos com o que estamos lidando, pensamos em quais possibilidades temos para dar conta daquilo. Qual nosso repertório atual? O que não está sendo visto e pode resolver a situação? O que pode ser criado?

O bom profissional quer dar tchau para o paciente e quer que esse não volte mais. Claro que torcendo para que as situações da vida desse paciente estejam sendo resolvidas por ele. É como se déssemos uma mão para que o paciente consiga ver o que tem perto e o que ele pode criar e como. É um espaço de mediar: ali busco puxar coisas e atar com outras. O mais importante é que o processo é do paciente, os instrumentos e ferramentas também, logo, não enfie seus recursos nele. Ele que dirá, ele te mostrará como já resolve a vida, o que tem de ferramentas. Na clínica do “resolver os problemas que surgem na vida”, ela entende que é preciso que se faça algo para mudar, é preciso aprender a saber quem você é, e daí buscar seus recursos para superar  o que for.

Em certo momento, é melhor aplicarmos a “clínica do esquecimento”, de forma a não tentarmos dizer que tudo o que alguém é se deriva da condição inicial ou de início. Vai ver que ele só quer resolver suas questões com suas ferramentas e você está lá perguntando sobre o passado. Não queremos mais dizer que pessoas são de um jeito porque sofreram algo e assim é. Isso deixa um campo para desculpa e para o categorizar/excluir. Você é obsessivo porque algo aconteceu, e aí você coloca um filtro social e aceita que você é assim mesmo. Assim como os diagnósticos errados que te colocam como hiperativo e aí você dana a correr e a ser agitado em qualquer lugar. Às vezes essa clínica ainda é muito médica, e menos preocupada em um processo que dê autonomia, não aquele que te oferece cura vindo ao meu consultório de seis em seis meses ou toda quinta-feira às sete e meia.

 

raphael curioniRaphael Curioni é um ser humano, como qualquer outro, que seguiu a vida da música e da psicologia.  Fala, ouve, escuta, faz, não faz, acerta e erra, como qualquer um. Na parte da carreira psi: Psicólogo graduado na UCP, residente em Psicologia pelo programa de residência multiprofissional FASE/FMP, e Conselheiro Municipal de Saúde representando o Conselho Regional de Psicologia. Profundo amante da escrita e da música. Vocalista da banda Sob Efeito. Gravou a música de um comercial, mas não usa os serviços dessa empresa de telefonia. Gosta de vermelho e de pizza, não gosta de laranja e da língua espanhola. Não gosta quando tem peixe em casa e nem quando ouve especialistas ignorando a especificidade de cada caso. Futuro professor/acadêmico. 

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