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Coluna Literária

[Coluna literária] “Sobrevivente” – Chuck Palahniuk

“Como a mudança é constante, você reflete se as pessoas buscam a morte porque é a única maneira de conseguirem finalizar alguma coisa”.

O sobrevivente de uma seita religiosa sequestra um avião e decide se matar. Mas enquanto o avião tiver combustível, ele decide contar sua história para a caixa preta, explicando como as coisas chegaram a esse ponto. Por isso, o livro começa pelo fim.

Tender Branson passou sua infância e adolescência na “comunidade religiosa” com seus pais e treze irmãos. De acordo com a doutrina da Crendice (nome da igreja), somente o filho mais velho se casaria e viveria no distrito da igreja. O restante, aos dezessete anos, era mandado embora da colônia para arranjar emprego. Foi assim que Tender arrumou emprego como uma espécie de empregado para uma família rica. Ele se tornou um homem solitário, que alimenta seu peixinho com Valium e presta serviço a possíveis suicidas, incentivando suas mortes.

Com uma reviravolta do destino, Tender acaba se tornando uma celebridade, uma espécie de novo messias, que ganha milhões ao vender todo tipo de produto (que ele nunca produziu) que leva seu nome, como o Livro das preces casuais, bíblias autografadas, programa de TV…

Numa narrativa irônica e cheia de sarcasmo, Palahniuk mais uma vez aborda temas como fama e religião com um tom crítico, principalmente em relação à idolatria e o consumo de qualquer produto que leva o nome de uma pessoa famosa; os artifícios absurdos das celebridades para manter uma aparência considerada ideal e, como qualquer um, desde que esteja nas mãos de um bom agente, pode alcançar o status de estrela mesmo sem ter talento. Qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência.

“Você percebe que nossa desconfiança quanto ao futuro dificulta que a gente desista do passado. Não conseguimos deixar de lado o conceito de quem éramos. Todos aqueles adultos que brincam de arqueólogos em brechós, procurando por objetos da infância, jogos de tabuleiro, CandyLand, Twister, eles estão apavorados. Porcarias se tornam relíquias. Mystery Date. Bambolês. Nossa forma de sentir saudade do que jogamos no lixo só porque temos medo de evoluir. Crescer, mudar, perder peso, nos inventarmos. De nos adaptarmos”.

Se você gosta de uma boa história com uma dose de acidez, irreverência e crítica inteligente, leia Chuck Palahniuk!

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Marianne Wilbert

Jornalista, pós-graduada em mídias digitais.
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