“Ele olhava para ela nesses momentos invisíveis porque estava acostumado a olhar para ela; porque, de todos eles, ela era a única coisa que realmente permanecia. Esse era seu motivo; isso era tudo. Melhor não invocar fantasmas”.
Repeitável público, seja bem-vindo ao Circo Tresaulti! Num mundo pós-apocalíptico, uma caravana de artistas sobreviventes de guerra, que tiveram seus corpos mutilados reconstruídos com complexas estruturas mecânicas, percorre diferentes cidades se apresentando, ganhando e perdendo novos membros.
Com uma narrativa um pouco confusa a princípio, aos poucos vamos conhecendo os artistas deste circo coordenado por Boss, e de um membro que se foi, mas ainda assim é importante ao longo de toda a história.
“(Aqueles que têm grandes desejos nascem, não são feitos.)”
O fato de serem construídos por estruturas mecânicas os torna vulneráveis e alvo de cobiça por parte do governo, que os enxerga como uma arma indestrutível, pronta para a guerra. Mas mesmo com olho de vidro, cobre no lugar dos ossos e até asas feitas de ossos, a humanidade deles continua intacta. Cada um carrega suas dores, lida com a solidão e tenta sobreviver num mundo destruído. Com diferentes ambições, lembranças traumáticas e até uma certa hostilidade que paira entre eles, a trupe se mostra uma família unida que não mede esforços para lutar pelos seus semelhantes.
A obra é uma fantasia (não tão distante da realidade) com personagens misteriosos sobre um circo mecânico, mas que tem muito mais alma do que a gente costuma ler por aí.
“Para que fazer papel de bobo por alguém que você deveria odiar?
(Este é o grande problema com pessoas de coração mole. Falta de controle.)”
Mais uma vez a Darkside preparou uma edição belíssima que, além da capa dura e o design diferente, ainda conta com ilustrações de Wesley Rodrigues para dar um toque especial à história. Se você tem curiosidade sobre o steampunk (subgênero da ficção científica) e ainda curte uma distopia, fica aqui a minha recomendação!