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Moda

“A moda da Rua Teresa está desconectada com o resto do mundo”, avalia André Carvalhal

O futuro do principal polo de moda de Petrópolis, a Rua Teresa, foi discutido nesta última terça-feira (14) em uma palestra ministrada pelo especialista em moda, André Carvalhal. O assunto polêmico foi debatido no auditório da Universidade Estácio de Sá com cerca de 100 pessoas, entre estudantes de moda, professores e profissionais da área de marketing e publicidade. Além de discutir sobre temas que interessam à cidade, Carvalhal divulgou o seu novo livro “Moda com propósito” e falou da importância de entender as transformações que o mundo está vivendo: os novos consumidores, cada vez mais conectados e conscientes; assim como os avanços da tecnologia no que diz respeito aos processos de produção.

Considerada o maior shopping a céu aberto da América Latina, a Rua Teresa chegou a ter, nos seus tempos áureos, 1.200 lojas abertas. Atualmente são 700 e o polo de moda continua enfrentando os efeitos da crise econômica, com fechamento de lojas e crescimento do número de demissões. Para Carvalhal, que trabalhou durante dez anos como gestor de Conteúdo e Marketing da Farm, é possível perceber que o mercado em Petrópolis tem mais a expertise da fabricação da roupa do que da moda em si. “Lembro de quando era criança e vinha para a Rua Teresa com meus pais para comprar roupas. Desde aquela época não vínhamos comprar moda”, comentou.

Para superar este momento de crise, André acredita que é preciso que as marcas entendam que há este momento de transição no mundo inteiro e a grande mudança no comportamento do consumidor, “que provoca quase o efeito de seleção natural para as marcas”. Ou seja, os clientes escolhem com mais consciência o que se adequa ao seu estilo de vida e suas crenças, o que faz com que apenas as marcas mais fortes, que se destacam por diferenciação ou preço, sobrevivam. “Os consumidores de hoje estão procurando mais o valor agregado das peças, querem saber a origem daquele produto e o preço. Por um lado, elas estão dispostas a pagar mais pelas marcas que vendem produtos sustentáveis e que não exploram a mão de obra. Por outro, no momento de crise, já não há mais tanta disponibilidade para comprar como antes”, explicou, acrescentando que encontrar novos caminhos, modelos e formatos deve fazer parte das estratégias das empresas. “Ou não vamos conseguir sair da crise”.

Segundo ele, as marcas que tendem a se destacar nesse cenário, são as que educam, não só os clientes, mas os colaboradores também. São aquelas marcas que têm cuidado com as peças, as que transformam.

André levantou ainda mais duas questões: “O fim do mundo” e o “O fim da moda”. O autor destacou que não é possível continuar produzindo do jeito que era feito antes, principalmente, do ponto de vista ambiental, de um planeta que consome mais as riquezas naturais do que consegue produzir”. Ele sugere que as marcas passem a pensar em novos formatos e novas formas de acesso às roupas. “Como vamos fazer moda (roupas) daqui para frente? É este o desafio!”.

O avanço tecnológico e as transformações no dia a dia

No livro, “A moda imita a vida”, que lançou em 2014, ele diz que nos próximos cinco anos, a moda vai mudar mais do que no último século. “A principal mudança vai acontecer por conta dos avanços tecnológicos e dos tecidos. A roupa em um futuro próximo vai ganhar uma importância maior. As peças que dialogam com o corpo também ganham força”, destacou. Para exemplificar, usou como exemplo a atuação das impressoras 3D, que já estão sendo usadas em outros segmentos, como da engenharia, e que prometem revolucionar a moda como vemos hoje. “Daqui a um tempo – entre cinco e dez anos – cada pessoa vai poder imprimir a roupa que quiser em casa”, adiantou.

Durante a palestra, André fez comparações do desenvolvimento tecnológico ao longo dos últimos anos. Desde a câmera fotográfica que passou da analógica à digital, até a forma das pessoas se comunicarem. Neste sentido, lembrou, que o aparelho de telefone fixo virou um objeto obsoleto. Os exemplos foram usados para mostrar que as transformações acontecem em diversos segmentos e também estão ocorrendo no setor da moda.

O sucesso da Farm

Formado em publicidade, jornalismo e marketing digital, Carvalhal contou que nunca imaginou trabalhar com moda, até que começou a atuar na Farm. Na empresa, trabalhou durante dez anos. “A Farm surgiu com uma proposta diferente do que já existia. Ela trouxe roupas alegres, acessíveis e que simbolizam o estilo de vida carioca: leveza, alegria, descontração e simpatia. É isso que faz com que outras marcas se inspirem nela”, disse.

É por este motivo que a Farm, que produz peças que despertam o desejo das suas consumidoras, se destaca como líder no mercado e tem uma legião de marcas seguidoras. “As líderes são autênticas, verdadeiras, aquelas que olham para dentro. Enquanto as seguidoras, também têm seu espaço no mercado, mas sempre serão reconhecidas como segunda opção e precisam oferecer preços baixos como diferencial”, explicou André.

A moda colaborativa

Cofundador do projeto Malha, o maior espaço de moda colaborativa do Brasil, o autor acredita que esta modalidade tem potencial de ganhar cada vez mais espaço no país. “É uma forma de ‘ganha-ganha’ para quem participa. Quando as marcas colaboram, elas ganham vantagens competitivas”.

Esta tendência provocou inclusive a junção espontânea de grupos de marcas, que André acredita que vai provocar uma grande mudança daqui para frente.

Para finalizar, ele deixou uma reflexão: “Além de roupas, o que cada um de vocês pode fazer?”.

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