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[Coluna] A intervenção militar em empresas – o caso da Celma, em Petrópolis

por Eduardo Stotz, presidente da CMV

O golpe militar, desencadeado contra os trabalhadores da cidade e do campo cuja mobilização social e política estaria ameaçando a ordem capitalista, não impediu que o Alto Comando, sob a liderança do general Castelo Branco, promovesse a intervenção em certas empresas, de modo a favorecer concorrentes ou a estabelecer controle direto. Assim foi no caso da Panair do Brasil, em 1965.

A história desse processo em benefício da Viação Aérea Rio Grandense, conhecida pela sigla Varig, dirigida por Ruben Berta, é contada no livro “Pouso forçado”, de Daniel Leb Sasaki (Editora Record). Em 23 de março de 2013, Rodolfo Rocha Miranda e outros apresentaram, na audiência pública da Comissão Nacional da Verdade, os seus testemunhos a respeito da destruição da Panair do Brasil pela ditadura militar.

Em Petrópolis, o ato atingiu a Companhia Eletromecânica (CELMA), subsidiária da Panair adquirida em 1957 e que, da produção de furadeiras de bancadas e outros produtos, passara a ser uma firma especializada na retífica de motores de avião, serviços de manutenção e consertos técnicos prestadora de serviços inclusive para Força Aérea Brasileira.

De acordo com a publicação, perto da meia noite do dia 10 de fevereiro de 1965, com ordens partidas diretamente do ministro da Guerra, general Costa e Silva, tropas do 1º. Batalhão de Caçadores ocuparam o prédio da CELMA, sob a alegação de que a medida visava “preservar a integridade do patrimônio”, garantia que o diretor-gerente da empresa, Rodolpho Figueira de Mello, não havia solicitado. Durante a ocupação imediata, soldados chegaram a vigiar de perto, com armas embaladas, operários dentro das oficinas como atesta fotografia da época, publicada na obra referida.

Em 8 de março de 1965, Sérgio da Câmara Júdice, membro do Conselho Fiscal da CELMA, notificava Alberto Victor de Magalhães Fonseca, síndico da massa falida da Panair do Brasil, S.A., da aceitação da demissão de John Wallace Simonsen, Nelson de Maia e Rodolpho Figueira de Mello e da indicação da nova diretoria, composta pelos nomes do Major-brigadeiro José Kahl Filho, de Kleber Correa Lemos (funcionário do Banco do Brasil) e do coronel Marcos Baptista dos Santos Junior, para cumprir mandato no biênio 65/66.  Conforme Rubens de Castro Bomtempo (“Estação Petrópolis: memórias de um médico que não perdeu o trem da história”) outro diretor da empresa teria sido Fernando Sérgio Ayres da Motta, comandante aposentado da Panair e secretário de Obras do governo Nelson de Sá Earp. O nome de Ayres da Motta seria vinculado à intervenção da ditadura militar em Petrópolis em dois momentos distintos: imediatamente após a cassação de Bomtempo, em 1966 e, mais tarde, no período de 1971 a 1973, pelo aluguel do imóvel de Mário Lodders, no Caxambu, para sediar a Casa da Morte, centro secreto de tortura e aniquilamento de presos políticos.

A história posterior inclui a estatização da CELMA por meio do decreto no. 57.682, de 28 de janeiro de 1966, “a bem do interesse público e da Segurança Nacional”, perdurando até que, em 1º de novembro de 1991, sob o governo Collor, a empresa foi privatizada, passando ao controle de um grupo formado pelas empresas General Electric, Andrade Gutierrez, Banco Boavista e Banco Safra, por um valor pouco acima do faturamento de 1990. A CELMA contava então com 1.500 empregados.

(Imagem do blog Bemblogado)

A Comissão é formada por: Eduardo Stotz – sociólogo e historiador, pesquisador da Fiocruz; Glauber de Oliveira Montes – historiador e professor; João Fabre dos Reis – advogado trabalhista; Maria Helena Arrochellas – teóloga e coordenadora do Centro Alceu Amoroso Lima para a Liberdade; Rafane Valoura Paixão – historiadora e Roberto Schiffler Neto – sociólogo e professor.

Endereço e acesso: Prefeitura Municipal de Petrópolis – Avenida Koeler, 260 – Centro – Petrópolis – RJ – Tel.: (24) 2246-9325. Facebook.com/cmvpetropolis – [email protected]

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