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Ex-alunos se mobilizam para ajudar professor aposentado que enfrenta problemas financeiros

*Matéria atualizada em 29/12/17

“Se eu não fosse imperador, desejaria ser professor. Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro”. Essa frase de dom Pedro II expressa muito bem a importância do trabalho de um professor e o impacto destes profissionais na nossa história. Além do conhecimento transmitido, muitos acabam tendo um papel ainda mais importante na vida dos estudantes. Às vezes, basta um incentivo, uma palavra encorajadora ou um voto de confiança para mudar toda uma trajetória.

Esse é o caso do professor aposentado Mauricio Barroso, que tocou a vida de muitas pessoas. A tal ponto que um grupo de ex-alunos se mobilizou para ajudá-lo a pagar dívidas de mais de R$ 100 mil que ficaram em seu nome após a falência do curso.

Segundo Eva Maricato, Américo Pastor, José Ferreira Bernardo Junior e Guilher Thomaz, ex-alunos MPB Vestibular (CEMB) e idealizadores da campanha, a mobilização se dá por sentimento de gratidão em relação a tudo que o professor representou na vida de cada um. “Estamos preocupados com nosso querido Mestre, que está enfrentando grandes dificuldades financeiras. Nosso objetivo é ajudar esse ser humano ímpar, que dedicou a vida ao outro e ao sonho do outro, ajudou tantas pessoas, nunca diferenciando ou privilegiando pessoas pela cor, raça, gênero, idade”, afirma o texto de apresentação da campanha.

Com duração até 31 de janeiro de 2018, a campanha foi lançada numa plataforma de financiamento coletivo, o site vakinha.com.br, e os recursos serão utilizados para pagar as dívidas.

Além de ser lembrado como ótimo professor e de não ter medido esforços para compor a equipe do cursinho, que funcionou por 20 anos com excelentes profissionais, não são poucos os relatos de que Maurício Barroso concedia bolsas de estudos, mesmo com alto número de inadimplentes, isso sem falar nas aulas particulares de graça e até mesmo os lanches e passagens de ônibus que ele pegava do próprio bolso para ajudar os alunos mais necessitados.

“Os empenhos que Maurício fez dilapidaram, ao longo do tempo, bens de família conquistados através de muitas horas de aulas nos diversos locais em que trabalhou como professor e não como administrador, ‘empresário’ dono de escola/cursinho. Como administrador de negócios não detinha a expertise das demandas capitais, misturando ideais de um mundo melhor com a esperança naqueles que achava que tinham a mesma missão como professores que ele”, pontua outro trecho da campanha.

Até agora, o projeto contou com a colaboração de 561 apoiadores e arrecadou R$ 73.259,48 (68,72%) do objetivo de R$ 106.602, que é o montante da dívida. O ex-aluno José Ferreira Bernardo Junior, formado em direito pela UFRJ, está ajudando o professor, de forma voluntária, com as questões relacionadas à dívida, que, segundo o advogado “começaram depois que Maurício vendeu bens para investir no cursinho” e a isso foram sendo somados empréstimos, dívidas trabalhistas e um impasse em relação a venda do cursinho, em 2015, quando o professor não teria recebido nada pela transação.

Você pode acessar a campanha neste site: https://www.vakinha.com.br/vaquinha/projeto-reconhecimento-mestre-mauricio-barroso

A vida longe do quadro-negro  

Hoje, por causa dos problemas financeiros que consomem 50% de sua aposentadoria, Maurício e a mulher Iraci estão morando com a filha em Cabo Frio. Desde o fim do CEMB, há dois anos, o professor está afastado das salas de aula, mas ele afirma que ainda sonha em voltar a fazer o que mais ama. “Eu tenho vontade enorme de dar aula novamente, eu sinto muita falta, e também gostaria de fazer uma outra faculdade, eu estudo muito”, afirmou Maurício.

Já em relação a campanha dos ex-alunos, o professor disse que não esperava que isso ocorresse. “Sempre fiz o que gosto de fazer. Eu não fiz esperando o retorno de nada. Se eu voltar a dar aula, vou fazer a mesma coisa”, garantiu.

Para finalizar, Maurício confessou sentir muita tristeza, mas que toda essa mobilização tem trazido alegria para a sua vida.  “Eu sinto uma tristeza enorme, passo noites sem dormir. Eu não gosto de dizer, mas tenho chorado por todas essas mudanças que ocorreram. Só que, ao mesmo, tempo eu sinto o coração alegre por toda essa gratidão que eu estou sentindo”, finalizou.

Um Comentário

  1. A gratidão ué tenho por ele não tem preço! Que a campanha possa devolver a dignidade a este homem!

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