Publicidade Concer: Resposta às chuvas em Petrópolis
Publicidade Concer: Resposta às chuvas em Petrópolis
Coluna Literária

[Coluna literária] “Antes da queda” – Noah Hawley


Deprecated: preg_split(): Passing null to parameter #3 ($limit) of type int is deprecated in /home/wwacon/public_html/wp-content/themes/jannah/framework/functions/post-functions.php on line 805

Poucos minutos depois de decolar de Martha’s Vineyard, um jatinho particular com onze pessoas cai no mar a caminho de Nova York. Apenas duas pessoas sobrevivem: um menino de 4 anos filho de um magnata e o pintor fracassado Scott Burroughs. O que causou a queda? Terrorismo? Falha mecânica? Erro humano? Essa é a pergunta que norteia a narrativa.

Embora pareça um livro de suspense, eu classificaria a história como um drama. É claro que o mistério acerca do acidente é uma parte importante da história, mas mais do que isso, a obra faz análises importantes não só dos personagens, como também da cobertura midiática e da consequente fama.

“Scott sorri e tenta ser simpático. Essas conversas são diferentes do que ele supõe que será com a imprensa. São um contato em termos humanos. E, apesar de se sentir constrangido, ele se força a nunca ser grosseiro. Entende que querem que ele seja especial. É importante para as pessoas que ele seja especial porque precisamos de coisas especiais em nossa vida. Queremos acreditar que a magia ainda é possível. Por isso Scott aperta mãos e aceita os abraços de mulheres aleatórias. Pede para que não tirem fotos suas e a maioria respeita.”

Bill Cunningham, um apresentador de telejornal, é a personificação do sensacionalismo e das coberturas invasivas dos veículos, que exploram até não poder mais esses casos de grande repercussão. Através do personagem, o autor expõe os métodos antiéticos que os meios utilizam para conseguir a informação que querem e como acabam envolvendo e constrangendo pessoas que não tem relação direta com o caso só para conseguirem mais audiência.

Em relação aos personagens envolvidos no acidente, além do piloto, copiloto e comissária de bordo, no jatinho estava toda a família Bateman (David, Margaret, Rachel e J.J.), o segurança Gil Baruch, um casal de amigos (Ben e Sarah Kipling) e Scott, convidado de Margaret.

Aos poucos, vamos descobrindo mais sobre a vida desses personagens e percebendo que eles possivelmente poderiam ser alvos em potencial devido aos seus cargos importantes e status social. É nesses momentos também que compreendemos a forma de pensar de cada um e temos momentos reflexivos sobre a morte, sentido da vida, relacionamentos amorosos, frustrações, a relação entre o consumo e o vazio. Particularmente, gostei da história de cada um, e ao contrário de outras críticas que li, não achei que isso tenha quebrado o ritmo da leitura.

“Mesmo em termos planetários somos pequenos – um homem boiando em um oceano, uma gota no meio de ondas. Acreditamos que nossa capacidade de raciocinar nos torna maior do que somos, nossa capacidade de entender a expansão infinita de corpos celestiais. Mas a verdade é que essa noção de escala apenas nos faz encolher.”

(…)

“E, nesses dias – nas horas desestruturadas de sua vida -, Sarah se perguntava se vivia apenas para movimentar dinheiro. Compro, logo existo.”

O livro é tão bem escrito que parece uma grande reportagem, com o ponto de vista de todos os envolvidos, um perfil das vítimas e a investigação. Ele consegue alternar momentos tensos, como na descrição logo no início em que Scott nada com J.J. até a praia, com reflexão e, claro, suspense. Somos apresentados a todos esses personagens e hipóteses do ocorrido, mas só descobrimos a verdade lá no final quando encontram a caixa preta.

O motivo pode até ter sido um pouco decepcionante para alguns leitores, mas é totalmente plausível. Aliás, lembra até um caso real ocorrido há alguns anos (só não falo qual, pois seria um spoiler) e por isso que o classificaria como um livro de drama. Pois mais do que saber quem, como, quando e onde, o porquê, por mais que se dê uma explicação, nunca é suficiente para aqueles que ficam.

“O universo está cheio de coisas que não fazem sentido. Coincidências aleatórias. Existe algum modelo estatístico em algum canto que pode determinar as chances de eu estar em uma queda de avião, em um acidente com uma balsa ou em um descarrilamento de trem. Essas coisas acontecem todos os dias, ninguém está imune a elas.”


Deprecated: preg_split(): Passing null to parameter #3 ($limit) of type int is deprecated in /home/wwacon/public_html/wp-content/themes/jannah/framework/functions/post-functions.php on line 805

Marianne Wilbert

Jornalista, pós-graduada em mídias digitais.
Botão Voltar ao topo
error: Favor não reproduzir o conteúdo do AeP sem autorização ([email protected]).