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Coluna Literária

[Coluna literária] “O Conto da Aia” – Margaret Atwood

Com o enorme sucesso da série “The Handmaid’s Tale” (vencedora do Emmy, Globo de Ouro, TCA Award e Critics’ Choice Television Award), o livro que deu origem a essa história também vem despertando bastante interesse no mundo todo, tendo voltado a ocupar posição de destaque nas listas dos mais vendidos em diversos países.

A distopia de Margaret Atwood se passa na República de Gilead, no território que costumava se chamar Estados Unidos, mas que agora vive uma espécie de ditadura teocrática, na qual as mulheres não tem direito algum. Elas não podem trabalhar, não podem se relacionar, muito menos vestir o que quiserem. Suas funções são voltadas inteiramente a cuidar da casa e gerar um filho.

As Martas, por exemplo, são as responsáveis pelas atividades domésticas das casas dos Comandantes (homens de poder). Já a nossa protagonista Offred é uma aia, ou seja, seu dever é servir de útero para a esposa do Comandante, que não consegue engravidar. As aias usam roupas vermelhas fechadas e um chapéu no formato de uma viseira que não permite que elas olhem para o lado.

Já as mulheres mais velhas, estéreis ou que quebram as regras são mandadas para colônias para trabalhos braçais, onde morrem devido às péssimas condições e contato direto com material radioativo.

Radiação esta que também afeta diretamente a natalidade do país, que está em declínio, e é responsável pela deformidade de alguns bebês, que logo são descartados.

A sensação da leitura é sufocante diante tamanha opressão e barbárie que as mulheres são submetidas, ainda mais porque todas elas tinham uma vida e uma família antes de serem perseguidas, caçadas e doutrinadas. Tudo é tão limitado e sem escapatória, que até a esperança vai minguando e aos poucos vai dando lugar a uma sociedade formada por pessoas obedientes e o pior de tudo, conformadas.

“Já estávamos perdendo o apreço pela liberdade, já estávamos achando aquelas paredes seguras. Nos limites mais elevados da atmosfera você iria se desfazer em pedaços, iria se vaporizar, não haveria pressão para mantê-la inteira”.

A leitura é fluida e bem construída, prendendo a atenção do início ao fim. Em uma breve comparação com a série, o mundo apresentando por Margaret Atwood foi respeitado e muito bem adaptado para as telas. A série já ultrapassa a história do livro, explorando mais a fundo alguns personagens e possibilidades deixadas em aberto. Portanto, recomendo tanto o livro quanto a série, pois são experiências diferentes, mas igualmente incríveis.

https://www.youtube.com/watch?v=NaPft-MFj38

Marianne Wilbert

Jornalista, pós-graduada em mídias digitais.
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