Entre 2016 e 2018, quase 44 mil moradores de Petrópolis passaram a buscar atendimento na rede pública municipal. A quantidade crescente de usuários do SUS está relacionada à desistência de milhares de pessoas de planos de saúde particulares. Nos últimos três anos, 15% de moradores de Petrópolis, assim como a média nacional, deixaram os planos particulares e migraram para a rede pública. Hoje, a rede municipal atende a pelo menos 210 mil moradores, 70,59% da população do município.
Dados da Agência Nacional de Saúde (ANS) apontam que nos últimos três anos houve uma queda de 15% no total de usuários. Ao mesmo tempo a emissão do cartão do SUS que teve um aumento de 20% – com média de 40 documentos emitidos por dia pela Secretaria de Saúde. O número esperado de cartões SUS emitidos era de 35 mil, porém, cresceu para 8.760 pessoas a mais do que o previsto.
Para absorver essa nova demanda, o município vem reforçando as estratégias de gestão junto ao poder público, judiciário, legislativo e ao Conselho Municipal de Saúde. O Comsaúde foi responsável pela aprovação do Relatório Anual de Gestão no último mês de março, além da Programação Anual de Saúde e do Plano Municipal de Saúde com vigência de 2019-2021.
Segundo informações da prefeitura, o orçamento da área em 2018 é R$ 29 milhões a mais do que o orçamento atual – R$ 300 milhões. A verba prevista corresponde a 33% do orçamento – mais do que o dobro do que prevê a Constituição, em 15%. A Saúde ainda contará com R$ 5 milhões em emendas previstas para iniciação de novos projetos na área.
O prefeito Bernardo Rossi reforça que o aumento dos atendimentos já é refletido na rede desde o início de 2017 e destacou o empenho da gestão em otimizar a assistência em toda rede principalmente no maior hospital do município, Alcides Carneiro, realizando 23 mil atendimentos a mais do que o ano de 2016 e promovendo a ampliação da oferta de consultas ambulatoriais, exames e cirurgias. As UPAs também atendem 20% a mais do que em anos anteriores.
“Nós acabamos com a fila para cirurgias pediátricas, realizamos o sistema de mutirões de cirurgias no HAC – urológicas, vasculares, mamárias, exames de endoscopia e zeramos a fila de espera para exames da ressonância. Conseguimos pagar R$ 14 milhões em dívidas pagas referentes à gestão anterior, realizamos 1.210 visitas domiciliares no programa Melhor em Casa e temos 200 mil pessoas imunizadas contra a Febre Amarela e nenhum caso de dengue, zika ou Chikungunya, isso mostra o quanto avançamos na gestão e estamos no caminho certo”, avaliou.
Novos usuários do SUS apontam melhorias encontradas no sistema
A dificuldade de orçamento levou boa parte da classe média abrir mão da cobertura dos seguros médicos. A realidade de não conseguir mais pagar por um plano de saúde e a necessidade de continuar com os cuidados de saúde têm levado uma considerável parcela da população para o sistema Único de Saúde. O município conta com 37 postos de Saúde da Família, 8 Unidades Básicas de Saúde, 2 Centros de Saúde, 2 UPAS, 1 Pronto Socorro e 2 Hospitais, além das unidades de saúde mental, centro odontológicos, entre outros serviços da área que estão sendo procurados pelos novos usuários do sistema.
A pedagoga Márcia da Silva, 48 anos, teve que abrir mão do plano de Saúde no segundo semestre de 2017. Investindo em cuidados preventivos, ela realizou a emissão do Cartão do SUS para iniciar o check-up clínico anual.
“No início é um baque. O sonho de todo mundo é ter um plano de saúde e abrir mão foi doído. Eu até tentei fazer particular, mas as consultas têm o preço popular, mas os exames são muito caros. Hoje venho realizar o meu cartão otimista de que vou conseguir manter meus cuidados preventivos com a saúde. Tenho observado que tem melhorado bastante e a gente sempre espera que melhore ainda mais o atendimento”, avalia.
A comerciante Selma Lopes Oliveira, 43 anos, buscou a central de regulação de exames para autorização de um procedimento. O pai dela de 70 anos deixou de ter plano no ano passado e devido à idade, o custo para manutenção comprometeu grande parte do valor recebido da aposentadoria.
“Nós não conseguimos renovar, os custos são muito elevados, então hoje eu vim aqui mais para me informar sobre o que fazer. A gente que sempre teve a comodidade do plano de saúde fica um pouco sem chão, mas hoje eu saio daqui satisfeita em saber que meu pai vai poder ter continuidade no tratamento dele”, disse.