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Cidade

De auxiliar de operador de caldeira a médico referência em cardiologia, Luiz Antônio trabalha há 50 anos no HAC

Com quase 30 anos dedicados à medicina, a história do médico cardiologista Luiz Antônio de Souza, de 66 anos, se confunde com a do Hospital Alcides Carneiro (HAC). Filho de operador de caldeira e de uma dona de casa, Luiz Antônio, desde cedo tem contato com o hospital onde conheceu o amor pelo cuidado ao próximo. Atualmente, um dos médicos referência da especialidade na cidade, o médico atua no Ambulatório do HAC, mas o laço com a unidade começou logo na infância, quando acompanhava o pai que trabalhava na unidade.

“Aqui está a minha vida. O Hospital Alcides Carneiro mora no meu coração. É aqui onde tenho as melhores lembranças da parceria com meu pai, dos amigos dele que passaram a ser meus amigos, de cada funcionário, cada centímetro de todos os setores, enfim, da história, desde quando era do Ipase”, disse Luiz Antônio, citando o Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores do Estado (Ipase), antigo mantenedor da unidade quando era um sanatório para pacientes com tuberculose.

À esquerda, o pai de Luiz Antônio

Logo aos 11 anos, Luiz Antônio já ia ao Hospital Alcides Carneiro para ajudar o pai, Wellington Batista de Souza, que era caldeirista. Era um trabalho pesado, cansativo, inimaginável ser praticado por uma criança nos dias de hoje. No espaço, era gerado o vapor para aquecer litros e litros de água, que seriam utilizados, por exemplo, no banho de pacientes.

“Naquela época, não havia as leis que regulamentavam o trabalho, então vinha com meu pai com o propósito de auxiliá-lo, já que ele tinha problemas de saúde, e, com isso, poder me alimentar. Além de ajudar meu pai, o retorno era basicamente este: poder ter minha refeição. Morávamos no bairro da Glória, muito próximo do hospital. Família muito humilde e batalhadora”, contou.

Luiz Antônio é o mais velho de quatro irmãos. Todos moravam juntos em uma casa humilde, de pau a pique, sem janelas e com a porta coberta apenas por um pedaço de pano. Em casa, a família recebia os cuidados da mãe, Nicolina Rosa de Souza.

Com o passar do tempo e a experiência adquirida no trabalho realizado ao lado do pai, o hoje médico foi amadurecendo, fazendo contatos e ganhando mais espaço dentro do próprio sanatório. Foi telefonista, recepcionista e trabalhou no Arquivo do hospital, antes de se formar em medicina. Durante a formação, foi aluno do conhecido médico cardiologista e político, Enéas Carneiro, na 6ª Enfermaria da Santa Casa de Misericórdia, no Rio de Janeiro.

Nesta semana, Luiz Antônio separou um tempinho durante a corrida rotina do Ambulatório do HAC e visitou os locais onde trabalhou antes de se tornar médico. Como não poderia deixar de ser, foi ao setor da caldeira e relembrou os tempos passados ali. Esta foi a primeira vez que ele voltou ao lugar que durante anos esteve acompanhando o pai.

Paulo Heleno e Luiz Antônio

“É uma felicidade muito grande reencontrar e perceber este sucesso. Fui muito amigo do pai dele e acabamos ficando muito amigos também. Está no sangue o amor pelo rock. Estou há 32 anos aqui no Hospital Alcides Carneiro e torço muito pelo hospital também”, disse o caldeirista Paulo Heleno, de 77 anos, velho amigo de Luiz Antônio e do pai dele.

Ao fim da visita, a placa, colocada na parede do corredor principal na inauguração, chamou a atenção do médico, que considera ser mais que uma decoração. Para ele, a frase nela atribuída ao ex-diretor do Ipase, Alcides Carneiro, deve ser a diretriz para todos que trabalham em prol do Hospital. Ela está no coração do HAC e diz: “Esta é uma casa que por infelicidade se procura, mas por felicidade se encontra”.

“Ela (a placa) é um orgulho para todos nós. Quem trabalha aqui, quem luta, não pode esquecer o que representa este hospital. Em frente a essa placa passaram pessoas que ajudaram a construir o que temos hoje, desde os mais humildes até diretores que estiveram à frente das mudanças. Este hospital tem uma magia. Aqui foi a vida do meu pai, e, hoje, é a minha”, completou o cardiologista.

O sonho de criança se tornou realidade aos 38 anos, quando, Luiz Antônio se formou em medicina e começou a trabalhar na mesma unidade onde via e admirava grandes médicos passando plantões. Agora, ele estava lado a lado com cada um deles e, hoje, é referência para muitos que estão iniciando na profissão. Chegou a ser diretor médico clínico do Hospital na década de 90. Em 2018, chegou a fazer mais de 400 consultas em um mês, no Ambulatório do Hospital Alcides Carneiro.

O médico roqueiro

Durante toda a visita, e enquanto as lembranças vinham à mente, um detalhe chamou a atenção dos amigos que o encontravam pelos corredores. Uma camisa da banda de rock britânica, The Beatles. Se durante a infância os médicos eram os espelhos para Luiz Antônio no campo profissional, as bandas de rock da época eram as referências no seu outro amor: a música. Amor também passado pelo pai e que deu origem a um encontro de amigos, que, nos horários vagos, se tornam ensaios da banda.

“Buscamos nos encontrar quando temos um tempinho para poder ensaiar uma ou outra música. É algo pelo qual sou apaixonado. Nem sempre é possível diante da correria do dia a dia, mas tentamos aproveitar as oportunidades. Mas, o amor pela música está sempre comigo, é como uma segunda pele”, comentou o médico, que faz questão de apresentar as camisas relacionadas ao rock por baixo do jaleco.

Esta paixão rendeu, inclusive, uma homenagem. O filho Harrison, de 18 anos, em lembrança a George Harrison, integrante da mesma The Beatles. Luiz Antônio tem, ainda, a filha Dominique, de 26 anos.

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