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Delegacia de crimes de informática investiga “Fake news” envolvendo Petrópolis

As “fake news” difundidas em redes sociais relatando casos de crimes inexistentes em Petrópolis serão investigadas pela Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI). A medida para reprimir a viralização de notícias falsas e que geram pânico na população foi definida em um encontro entre o prefeito Bernardo Rossi e as forças de segurança que atuam no município. A reunião ocorreu uma semana após um boato circular em aplicativos de mensagens sobre o roubo de um carro no bairro Taquara – o caso realmente aconteceu, mas na cidade do Rio de Janeiro, não em Petrópolis.

Outro ponto debatido por delegados, policiais militares e agentes da Secretaria de Segurança Pública, além do Corpo de Bombeiros, foram os recentes casos de falsas comunicações de crimes, que eram na verdade tentativas de golpes. As câmeras do Centro Integrado de Operações de Petrópolis (Ciop) foram fundamentais para desvendar quatro casos de falsa comunicação de crime.

O delegado titular do Departamento Geral de Polícia do Interior (DGPI), Alexandre Ziehe, chamou a atenção para o perigo que as fake news trazem para a cidade. “Essas notícias falsas têm um ‘Q’ de crueldade. Não é normal colocar informação errada de forma intencional. Por isso que vamos levar todos os casos para investigação rigorosa do DRCI para rastrear até saber de onde saiu essa fake news. Também vamos reforçar as formas de comunicar o trabalho policial, porque temos números muito baixos de ocorrência e um índice alto de resolução. Vamos mostrar que Petrópolis continua sendo uma excelente cidade para viver”, destacou.

Assalto no Taquara ocorreu no Rio, não em Petrópolis

Na última semana, foi compartilhado nas redes sociais uma notícia publicada no site do jornal Extra sobre um assalto no Taquara. Um vídeo de uma câmera de segurança mostra o momento em que um casal de idosos é retirado às pressas de um carro que foi roubado no dia 26 de novembro. Porém, esse assalto aconteceu na Zona Oeste do Rio de Janeiro, e foi compartilhada como se tivesse ocorrido em Petrópolis.

Este foi o caso mais recente, mas outras notícias falsas tiveram grande repercussão na cidade. Em abril, foi compartilhado um vídeo de um assalto em um estacionamento de um supermercado. O caso viralizou como se tivesse ocorrido na Rua 13 de Maio, no Centro, mas se tratava na verdade de um estabelecimento de Fortaleza (CE).

No ano passado, circulou uma informação de que um homem em carro preto estava rondando escolas no Morin para sequestrar crianças na saída das aulas. O pânico que a informação causou em pais fez com que a Guarda Civil e a PM a reforçarem rondas de patrulhamento nos locais apontados, mas não houve qualquer registro de ocorrências nas delegacias do município na época. Esse caso mostra o quanto as fake news podem atrapalhar o trabalho das forças de segurança.

“O efeito da elucidação das denúncias acaba sendo menos impactante que as fake news. Ao reproduzir uma notícia falsa, o que acontece é uma difusão do medo, o que obriga o emprego de policiamento sem necessidade”, disse a capitão da Polícia Militar, Silvania Gontijo.

“É preciso também que a população saiba que o crime não acaba na ocorrência, que sempre há medidas adotadas na sequência e que há recuperação de bens, prisão dos envolvidos. Em caso de homicídio, por exemplo, o nível de elucidação aqui é de 70%. Não é mágica. É porque aqui temos menos ocorrências, e assim é possível a gente consegue se dedicar mais às investigações”, explica o delegado da 7ª Divisão de Polícia Administrativa (DPA), Fábio da Costa Ferreira.

Quatro casos de falsas comunicações de crimes

As falsas comunicações de crimes também atrapalham o serviço da polícia. A Civil é obrigada a investigar casos que nunca ocorreram, atrasando a solução de crimes reais e a Militar acaba direcionando policiamento ostensivo para áreas onde não há necessidade. Os números engrossam as estatísticas negativas. Pelo menos quatro casos em pouco mais de um mês foram identificados como falsas comunicações e os responsáveis enquadrados por estelionato, tendo sido presos, com exceção de um adolescente. Estes casos foram descobertos com uso de câmeras de segurança.

Em 2018, de janeiro a outubro, já houve 8.355 ocorrências registradas nas duas delegacias do município, um aumento de 7% em relação ao mesmo período do ano passado (7.811 registros).

 Quando é feita uma denúncia de um crime com o objetivo de obter uma vantagem financeira, isso é estelionato. A quantidade de estelionatos na cidade entre janeiro e outubro de 2018 é maior do que em todo ano passado. Em 10 meses, foram registrados 409 casos em Petrópolis, contra 376 durante todo 2017. Quando comparado os 10 primeiros meses de 2017 e 2018, a diferença é de 28%, segundo o Instituto de Segurança Pública (ISP).

O último caso de repercussão aconteceu na semana passada. A polícia começou a investigar a informação de um veículo roubado a partir de um boato que começou a circular em redes sociais e aplicativos de mensagens. No dia 26 de novembro, um empresário procurou a delegacia para relatar o “assalto”, que teria ocorrido no Bingen. O carro teria sido roubado por um homem armado. Após diligências e análise das imagens das câmeras do Ciop, informações que indicavam que a denúncia não era verdadeira, os policiais voltaram a questionar o empresário, que confessou, três dias depois, ter simulado o roubo para receber o valor do seguro. Ele vai responder por estelionato. Antes, a delegacia de Itaipava já havia concluído que mais três denúncias eram falsas – todas com auxílio das câmeras de segurança.

“As câmeras são fundamentais porque, além de solucionarem os crimes, elas mostram também o que não ocorreu. As câmeras tem sido um apoio fundamental não apenas na investigação de crimes patrimoniais, mas de outros tipos também. Enquanto eu era delegado da 105ª DP, eu vi diversas denúncias que narravam, por exemplo, casos de estupro no Centro que não aconteceram na verdade”, lembra Ziehe.

“As câmeras foram posicionadas de forma que, mesmo que não tenha uma no local exato onde foi denunciada uma ocorrência, elas estão em algum lugar onde é possível ver o trajeto da pessoa. A cidade está toda monitorada”, afirmou o coordenador de Segurança, Maurício Borges.

“Essas falsas comunicações de crimes acabam gerando um crescimento nas estatísticas que não condiz com que a gente vive no dia a dia. Isso é um claro indicativo que as tentativas de golpes vêm crescendo. E as câmeras vão continuar contribuindo para impedir isso”, falou o secretário de Serviços, Segurança e Ordem Pública, Djalma Januzzi.

O município tem 56 câmeras espalhadas em 46 locais e já está providenciando a aquisição de mais 40 equipamentos para serem instalados no município.

Foto: imagem ilustrativa

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