Na última semana, o Conselho Municipal de Trânsito e Transportes (Comutran) começou a discutir sobre o reajuste da passagem de ônibus para este ano. De acordo com o estudo técnico elaborado em maio deste ano pelo Sindicato das Empresas de Transporte Rodoviário de Petrópolis, a tarifa projetada para 2019 é de R$ 4,55. Ainda segundo o Setranspetro, o estudo aponta esse valor, principalmente, em razão da forte queda de demanda de passageiros pagantes que o sistema vem registrando ao longo do tempo. Apenas em 2018, a queda superou 6%.
“Embora as empresas venham se esforçando para a redução de custos, a tarifa de ônibus é o resultado do custo total dividido pelo número de passageiros. Ou seja, ainda que não houvesse qualquer aumento nos insumos que compõem a estrutura da planilha tarifária, a queda da demanda de pagantes já é suficiente para aumentar o preço da passagem. Além disso, para o cálculo, foram considerados os seguintes pontos de destaque: os reajustes dos salários e benefícios dos rodoviários nos anos de 2018 e 2019, que representa mais de 50% do custo total do Sistema, e as variações no preço do óleo diesel e dos itens de rodagem, que equivalem a aproximadamente 30% dos gastos das operadoras”, explica o Setranspetro.
A possibilidade de um novo aumento para uma tarifa que já é considerada cara pelos usuários de transporte coletivo na cidade rapidamente repercutiu nas redes sociais. Acompanhando a repercussão, o vereador Marcelo Pró Deficiente (PSB), que foi rodoviário por mais de 27 anos, cobrou transparência na divulgação da planilha apresentada pelo Setranspetro e ressaltou que o aumento vai reforçar a perda anual de passageiros.
“A qualidade do transporte público é péssima. E o Setranspetro realmente acredita que é justificável um aumento no momento em que boa parte da população, por esses e outros motivos, resolve deixar o transporte público? É um tiro no pé! Vai tirar muitos usuários do sistema, pesar no bolso do empresário que deseja contratar e ainda frear a economia já que muitas pessoas são trabalhadores autônomos e dependem do serviço para se deslocar e realizar suas vendas”, analisa Marcelo.
Para o vereador, a dupla função prejudicou a qualidade do transporte público, deixando as viagens mais longas e colocando em risco a população que depende do serviço.“As empresas só pensam em lucro, mas não querem melhorar o serviço prestado. Uma prova disso é a dupla função imposta aos motoristas que retirou de muitas linhas os cobradores que, além de receber a tarifa, auxiliavam em manobras e na garantia dos direitos ao assento preferencial para gestantes, idosos, pessoas com deficiência e/ou mobilidade reduzida. Nossa cidade tem uma topografia complexa e até a segurança dos usuários fica comprometida sem esses profissionais. Já imaginou um motorista ter que parar o veículo em uma ladeira para embarcar um cadeirante? E a segurança de quem ficou dentro do ônibus na ladeira sem motorista? As viagens ficaram mais longas, os trabalhadores mais cansados e a população, prejudicada, cada vez mais distante de considerar o transporte público uma opção. Quem utiliza hoje é por necessidade e até essas pessoas vão buscar maneiras de sair do sistema”, completa o vereador que é presidente da Comissão de Defesa da Pessoa com Deficiência e do Idoso da Câmara de Vereadores.
O Setranspetro ressalta que juntamente com a CPTrans e o governo municipal, vem estudando uma série de alternativas que possam diminuir custos para o Sistema, gerar eficiência, e, consequentemente, impactar no barateamento da tarifa.
“O Setranspetro considera que o reajuste é o último recurso usado para garantir o equilíbrio financeiro e econômico do Sistema, para permitir a continuidade da prestação dos serviços, investimentos em tecnologia, frota, treinamentos e qualificação. No dia 25 de junho, o Setranspetro lançou o Simulador de Tarifas, onde os clientes têm acesso ao cálculo da passagem, conhecendo alguns dos componentes que mais impactam no valor final da passagem, gerando mais transparência para o setor. A plataforma pode ser acessada por computador, smartphone ou tablet, através do link http://www.simulador.
A última vez que a tarifa sofreu reajuste foi em junho de 2018, quando passou de R$ 3,90 para os atuais R$ 4,20. O transporte coletivo é atendido por cinco empresas – Cidade Real, Turb, Petroita, Cascatinha e Cidade das Hortênsias –, que juntas operam uma frota total de 371 ônibus urbanos e 25 ônibus executivos.
