Em 18 de fevereiro de 1903, foram realizadas em Petrópolis, as eleições para vice-presidente da República, senadores e deputados federais. Normalmente, essas eleições não despertariam grande interesse, mas como no ano anterior, após agitada batalha política, Niterói havia sido declarada novamente capital do Estado e aqui permaneceu o presidente Quintino Bocaiuva, que havia se indisposto com os petropolitanos, o pleito teve campanha nervosa e se deu em ambiente pesado.
Na época, o presidente da Câmara Municipal era Hermogênio Pereira da Silva, que se encontrava, na ocasião, em franca oposição ao governo estadual.
Durante a votação, apesar de manifestações feitas em alguns bairros por partidários do governo do Estado, a ordem pública não chegou a ser perturbada. Contudo, à tarde, quando terminava o processo eleitoral da seção instalada na Câmara, populares em atitude ameaçadora começaram a aparecer na Praça Visconde de Mauá. Quando já havia uma quantidade expressiva de civis em frente ao edifício da Câmara, instintivamente os que estavam lá dentro resolveram fechar as portas de acesso. Foi então que os populares, com omissão das autoridades policiais, arrombaram as portas e penetraram no prédio.
Na portaria, agrediram o porteiro da casa que teve um dos braços fraturados; na Sala das Comissões, mataram a pauladas um servidor municipal e, em outros locais, agrediram mais quatro funcionários que não haviam conseguido fugir pelos fundos. Depois, passaram a depredar o prédio. O balaústre do grande vestíbulo foi arrancado e atirado ao longe; no salão nobre, reduziram a pedaços o mobiliário e quebraram os espelhos, vidraças, reposteiros e quadros. Nas demais salas a destruição prosseguiu, sendo inutilizados móveis, relógios, instrumentos, livros e documentos.
Os prejuízos causados foram consideráveis, elevando-se, segundo cálculo oficial, em cerca de cem contos de réis. O presidente Hermogênio Silva não se intimidou com a violência e protestou energicamente junto ao governo do Estado contra o atentado, acusando elementos da própria polícia estadual como seus autores. Ele também levou os fatos, pessoalmente, ao conhecimento do presidente da República, Rodrigues Alves, que acabara de chegar a Petrópolis. Contra a expectativa geral, o governo estadual determinou a abertura de inquérito policial e processou judicialmente os responsáveis pelos atos de vandalismo. A Câmara Municipal, porém, arcou com os prejuízos materiais do atentado.
Em 7 de janeiro de 1905, a Câmara Municipal aprovou uma moção do vereador José Land para restabelecer no salão nobre o retrato de Hermogênio Pereira da Silva, que havia sido destruído junto com o de Floriano Peixoto. Embora Artur de Sá Earp, presidente da sessão de 7 de janeiro de 1905, houvesse declarado que o retrato seria inaugurado na primeira reunião da Câmara, somente 16 anos que isso ocorreu. No dia 16 de julho de 1921, a Câmara Municipal, reunida em sessão, repôs em seu salão nobre o retrato de Hermogênio Silva e também o de Porciúncula. Ambos os retratos são pinturas a óleo de Bertoni Filho.
Fontes: Artigo História da Câmara disponível no site da Câmara de Petrópolis e fotos do acervo digital do Museu Imperial/Ibram