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EsporteHistória

Vitória do Serrano sobre o Flamengo completa 40 anos

por Leonni Pissurno

Há exatos 40 anos, o Serrano entrava definitivamente para a história do futebol brasileiro com uma vitória épica sobre um adversário poderoso. Quis o destino que o dia 19 de novembro, dia do milésimo gol de Pelé (em 1969), fosse também, ao menos para os petropolitanos, dia de celebrar outro gol antológico. Foi em 19 de novembro de 1980, que o Serrano venceu o Flamengo de Zico por 1 x 0, com gol de Anapolina. Esse resultado impediu que o rubro-negro tentasse a conquista de um, até hoje, inédito tetracampeonato estadual.

O ano de 1980 não teve conquista de títulos para o Serrano, mas é possível dizer que foi a temporada de maior êxito do time de Petrópolis na elite do futebol estadual e nacional. Foi nesse ano que o Leão da Serra obteve a sua melhor classificação entre os três Campeonatos Cariocas que disputou (7º lugar) e foi também a sua estreia em competições nacionais, participando da Taça de Prata, como então era chamado o Campeonato Brasileiro da Série B.

Naquele Carioca, disputado no segundo semestre, o Serrano teve o seu melhor desempenho enquanto esteve na elite estadual. A campanha de 22 jogos teve 8 vitórias, 4 empates e 10 derrotas, com 25 gols marcados e 31 gols sofridos. O destaque ficou para o segundo turno, com 4 vitórias em 9 jogos, tendo ficado em 5º lugar, à frente de Fluminense e Botafogo. Vale lembrar que o tricolor, que venceu o 1º turno, seria o campeão sobre o Vasco. Além da vitória sobre o Flamengo, o Serrano ganhou do Botafogo, América e Bangu, todos fora de casa.

O Serrano estava otimista para enfrentar o temido Flamengo, atual campeão brasileiro e tricampeão estadual. A sequência do Leão da Serra até àquela partida era de 6 vitórias nos últimos 10 jogos, mas vinha também de duas derrotas seguidas e salários atrasados. A diretoria só havia conseguido quitar as dívidas com parte do elenco, deixando por último os jogadores solteiros que moravam no clube. Os dirigentes já contavam com a arrecadação que viria do confronto com o rubro-negro e seria importante para controlar as finanças.

No Flamengo, o técnico Cláudio Coutinho classificava o jogo como problemático. O campo do Atílio Marotti, de dimensões reduzidas e gramado ruim, não favorecia as características do time da Gávea, que tinha toque de bola. “Vai ser um jogo terrível, não me iludo. Uma verdadeira batalha contra o relógio. Quero meu time mordendo desde o início. Quanto mais cedo fizermos um gol, melhor”, disse o treinador, que comandou o Brasil na Copa do Mundo de 1978.

Chegou o dia. Uma forte chuva caiu na Cidade Imperial no início da noite e o gramado, que já não era bom, ficou ainda mais pesado. Junto à chuva, havia também o “ruço”. Um grande tumulto tomou o local com o público lotando o estádio Atílio Marotti, mas o jogo não atrasou e começou exatamente às 21h15. Apesar do início equilibrado, o Serrano foi quem tomou a iniciativa do jogo. Logo aos 18 minutos saiu o gol. Explorando as subidas de Júnior, Luís Carlos avançou pela direita e chutou cruzado, a bola desviou em Luís Pereira e foi sobrar no meio da área para Anapolina tocar por cima de Raul, mandando a bola para o fundo da rede.

Dali em diante, a chuva continuava a cair e todos achavam que o Flamengo não demoraria para empatar. Com Zico anulado por Moreno e Israel marcando Júnior, o rubro-negro teve dificuldades para impor seu jogo e insistiu muito nas jogadas pelo meio em um campo encharcado. Quando chegou à meta de Acácio, encontrou um goleiro seguro, que realizou três grandes intervenções, e uma zaga que viveu uma noite perfeita, atuando com muita aplicação. O rubro-negro pressionou no segundo tempo, mas não conseguiu ser efetivo com o seu ataque. Na última oportunidade, aos 39 do segundo tempo, Anselmo pegou uma sobra da dividida entre Acácio e Tita, mas mandou a bola quase na bandeira de escanteio.

No fim do jogo, uma grande confusão se formou no estádio, provocada por rubro-negros em fúria pela derrota. O alambrado foi quebrado, uma criança saiu ferida e Acáciolevou muitas pedradas nas costas, com o árbitro tendo que paralisar a partida para seu atendimento. O goleiro, que virou ídolo no Vasco e chegou à Seleção Brasileira, traz a marca no corpo de um morteiro que o atingiu. Apesar de ter vencido os dois jogos seguintes, contra Botafogo e Volta Redonda, o Flamengo não conseguiu ganhar o 2º turno e terminou um ponto atrás do Vasco.

Já a principal figura, o “artilheiro” Elimar Cerqueira, o Anapolina, jogaria somente mais uma vez pelo Serrano e encerraria a carreira profissional aos 26 anos. Seguiu depoistrabalhando em um bar no bairro do Alto da Serra e como mecânico na cidade mineira de Juiz de Fora. Ele morreu em 11 de março de 2013, na cidade natal, Matias Barbosa. Ele era torcedor do Flamengo e entrou para a história com o “TetrAnapolina”, frase pichada nos muros da Gávea nos dias seguintes da derrota.

Serrano 1×0 Flamengo
Estádio: Atílio Marotti – Petrópolis (RJ), 21:15h
Juiz: Aloísio Felisberto da Silva, auxiliado por José Gabriel da Silva e Reginaldo Matias
Público: 14.994 pagantes (recorde do estádio)
Renda: Cr$ 1.799.280,00
Gol: Anapolina, aos 18 minutos do 1º tempo
Cartões: Acácio, Paulo Ramos, Israel e Wellington
Serrano: Acácio; Paulo Verdan, Paulo Ramos, Renato e Cândido; Israel, Moreno e
Welington; Humberto (Gilberto), Luís Carlos e Anapolina. Técnico: Luiz Carlos Quintanilha
Flamengo: Raul; Leandro, Luís Pereira, Marinho e Júnior; Vítor, Adílio (Andrade) e Zico; Tita,
Anselmo e Édson (Júlio César). Técnico: Cláudio Coutinho

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