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Agenda cultural

“Comida, Memória e História: Descolonizando a nutrição” vai ao ar neste domingo

Verificar a influência da gastronomia dos povos originários e africanos na culinária brasileira, em especial naquilo que se come em Petrópolis e não é atribuído aos ancestrais, mas que ocupa espaços em restaurantes, festas entre outros, é uma das missões da série de vídeos intitulados “Comida, Memória e História: Descolonizando a nutrição”, um dos projetos contemplados pela Lei Aldir Blanc, em Petrópolis.

Em cinco episódios inéditos, o internauta vai poder imergir no mundo da gastronomia, arte e cultura, neste domingo (28), às 10h, 12h, 14h, 16h e 18h e aprender a preparar receitas utilizando alimentos herdados das tradições originárias e africanas, tais como mandioca, milho, moranga, arroz e legumes. Apresentar às novas gerações as raízes indígenas que foram conhecidas pelos europeus 200 anos após a chegada aqui também uma das propostas do projeto veiculado pelas mídias da Xdaquestão Produções.

Uma das diretoras do projeto, Giulia de Araújo, ressalta que alguns ingredientes que ganharam o paladar dos brasileiros vieram com a colonização. Em Petrópolis, pode-se destacar, especialmente, a imigração italiana e alemã. “Atualmente, com a globalização, comemos comidas consideradas de todo o globo terrestre com algumas adequações feitas à brasileira. Comida japonesa, estadunidense, árabe, sírio-libanesa são alguns exemplos que podemos observar facilmente. Esse projeto vem para reforçar o entendimento do povo brasileiro, em especial dos petropolitanos, que não fomos descobertos, sendo assim, o povo chamado de originário que aqui vivia já tinha uma tradição culinária. Bem como, as pessoas escravizadas que vieram para as Américas em condições precárias e, ainda assim, resistiram através de seus corpos, ideias, tradições, religiosidade e da culinária. Esse esforço de reexistência hoje é considerado fundamental para a constituição da nossa nacionalidade por parte dos estudiosos descoloniais que discordam do mito da democracia racial ou da mestiçagem”, pontua.

De acordo com a equipe, exatamente por uma necessidade de revisitar, sem voltar ao passado, mas agregando o que o passado traz para o presente, a culinária é uma forma de cultura que preserva tradições, traz dimensões de nacionalidade demonstradas através das diferenças produzidas por cada região de acordo com o clima, as crenças, a religiosidade e a adaptação do povo.

“Petrópolis tem em seu chão quatro quilombos, desses, somente um resistiu e se reafirma diariamente, o Quilombo da Tapera. Nosso cardápio tem forte influência negra: os temperos, o preparo e o ritual que para as religiões afro-brasileiras passa pelo alimento destinado a cada orixá. A alimentação cotidiana na África por volta do século XVI incluía arroz, feijão (feijão-fradinho), milhetos, sorgo e cuscuz. A carne era em sua maior parte da caça. Sendo assim, a criação de gado ovino, bovino e caprino, passaram de reservas destinada ao sacrifício e trocas para consumo dos mandatários das terras. Preparavam os alimentos, assando, tostando ou cozinhando-os, e para temperar a comida tinham apreço pelas pimentas, mas também utilizavam molhos de óleos vegetais, como o azeite de dendê que acompanhavam a maioria dos alimentos. A base da alimentação dos povos escravizados não variava de acordo com a função exercida, quer fosse nos engenhos, nas minas ou na venda. Sendo a base comum da alimentação a farinha de mandioca”, explica Drica Madeira, que também dirige o projeto.

Drica pontua ainda a grande honra que foi trabalhar em mais este projeto com Heloisa Buarque de Hollanda. “Heloisa é um Orixá que tive a honra de conhecer em vida. Ela é um ícone das mulheres na luta pela aproximação da academia com a sociedade. É impressionantemente generosa, transparente, ela se deixa ser caminho, quase que uma escada para que pessoas como eu possam chegar a um espaço de destaque no âmbito profissional e intelectual. Toda a minha gratidão por ela ter aceitado meu convite e por tudo que trocamos para a realização desse sonho, que se tornou projeto e que agora é uma série”.

Com imagens de Giulia de Araújo, Joana Forster (Petrópolis); Arthur Sherman (receitas); Ben-Hur real (Boi); Pedro Rocha (Drone), narração de Rosemarie Borde Serafim, apresentação das receitas por Juliana Maradei, tendo como culinaristas Maria Ivanilda da Silva Rodrigues e Sueli Tomaz da Costa, direção de arte assinada por Drica Madeira e como designer Pri Garcia, os episódios serão veiculados conforme o cronograma abaixo:

10h – Episódio 01 – Da terra de ninguém à fazenda da mandioca

12h – Episódio 02 – Sertão ocupado por índios bravos

14h – Episódio 03 – O homem mais preto de toda a África, em razão de homem, é tão homem como o alemão mais branco da Alemanha

16h – Episódio 04 – Quilombo pela tapera e sua reinscrição na história e no espaço da cidade

18h – Episódio 05 – O avesso do mesmo lugar

A veiculação do projeto que contou com a edição de vídeos de Giulia de Araújo, Gustavo Martins e Pedro Lucas, montagem de Pedro Lucas, som de Chico Sherman e Drica Madeira, trilha sonora de Pedro Lucas, participação especial de Julia Buarque, será realizada pelas plataformas digitais da Xdaquestão Produções no FacebookInstagram e ainda através do YouTube Xdaquestão Produções.

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