Trechos de poemas de Brenda Lima, Casulo, Deborah Simões, Gabriel Araújo, George Pacheco, Helena Arruda, Helmo da Gama Santos, Paulo Reis, Rômulo Santos, e Vidocq Casas (in memorian), todos poetas dos territórios da serra, irão compor os intervenções em Lambe Lambe nos espaços urbanos das cidades que realizam o Festival de Inverno 2021. A ação é uma parceria com o projeto Lambes Brasil, convidado pelo Sesc Rio a pensar em conjunto formas diversas de se fazer presente em tempos de recolhimento e isolamento social.
Versos, ritmos, rima, rua e muros andam juntos há milênios. Não é à toa que por vezes as pinturas rupestres aparecem acompanhadas, aqui e acolá, de ligeiros versos, dando cor e sabor aos desenhos de um tempo antigo, mas não distante. O gosto instintivo da humanidade pelo ritmo, a harmonia e dispositivos de invenção estão na origem do que compreendemos como poesia. E não foi pra fazer graça que Platão, no desenho da sua República, resolveu expulsar justamente os poetas: o gosto pela criação, sempre próximo dos improvisos e das belezas costuradas por imagens, parecera nocivo àquela noção de cidade toda contaminada pela ideia de pureza.
Trazer o poema para o espaço público, ocupar as paredes e muros com versos, contaminado o código publicitário com arte é uma maneira de exercitarmos, coletivamente, um outro modo de habitar o mundo, destituído do automatismo que o cotidiano por vezes nos obriga a conviver. Por vezes associado ao livro, e por extensão um momento exato de apreciação, modelo exato de leitura e contemplação, a presença do poema nas ruas é também uma forma de intervir na rotina do que se entende por leitura e por poema, democratizando acessos e possibilidades de vida em sociedade.
O Festival Sesc de Inverno acontece entre os dias 16 e 25 de junho, com programação híbrida.
Fonte: Sesc RJ